Arcade of the damned.

Larih Spencer

Larih ficou sentada no chão de terra, olhando a fumaça que subia ao longe, a cidade que tinha crescido, onde seus pais estavam enterrados, não existia mais. De repente a ficha caiu, Luka estava lá, em algum lugar de baixo dos escombros. Larih levantou quase pulando, havia largado seu irmão pra trás, a pessoa de quem tinha que cuidar estava perdida. Torcia para que ele não estivesse morto. Se isso tivesse acontecido estaria sozinha e seria sua culpa.
Sabia o que tinha que fazer, precisava voltar a Lince e encontrar seu irmão, não importava se fosse encontrar o diabo em pessoa lá, não deixaria que colocassem as mãos em Luka. Tinha que protege-lo.
Ajeitou a mochila nos ombros, ignorando a dor que rasgava seu ombro, lembrou do que o anjo havia dito na igreja. O que ia acontecer com ela? O aquela ferida ia fazer? Balançou a cabeça, tinha outras prioridades para pensar no momento. Sem dizer nada a ninguém começou a andar de volta para Lince, ninguém precisava arriscar o pescoço por ela, mas ela tinha que arriscar o pescoço pelo irmão mais novo.
Ouviu algumas conversas em volta, mas nem prestou atenção, foi andando, de repente sentiu um jato de água atingi-la e quando se virou viu uma serpente enorme engolindo um soldado.

- Que isso!

Gritou se afastando, haviam outros daqueles monstros, quando percebeu que um deles vinha na sua direção começou a correr, de repente foi erguida no ar, sendo puxada pelas alças da mochila, não conseguia se soltar, gritando, foi chaqualada de um pro outro. Tentou tirar as alças da mochila, mas não conseguiu, então foi atirada mais alto, a alça de sua mochila estava solta, mas não tinha em nada em que se segurar. Viu que estava caindo na direção da água, se preparou para mergulhar e afundou.
Quando voltou pra superfície, viu os outros sendo atacados, voltou para a margem, precisava ajuda-los. Ouviu alguém gritar que deviam atirar na boca das criaturas.

- Como se isso fosse fácil.

Murmurou jogando sua mochila no chão, pegou as lanças em sua mochila, viu alguns soldados sendo atacados pelas serpentes. Assoviou segurando duas lanças pequenas, uma das serpentes atacou, Larih atirou as lanças, acertando os olhos da serpente, ela guinchou e caiu no chão se contorcendo, Larih viu Rayden sendo atacado, correu para ajuda-lo, mas uma serpente acertou sua calda nos joelhos dela e ela caiu no chão, rolou para o lado se desviando de um ataque.

- Me solta!

Ouviu César gritar, se ergueu e viu que ele era arrastado por um dos monstros.

- Não!

Se levantou procurando outra adaga, não ia conseguir ajuda-lo, de repente ouviu a explosão, havia uma mulher com um lança míssil na beira da floresta e as serpentes tinham sumido, havia apenas um cheiro ruim de enxofre no ar, olhou em volta para ver como os outros estavam. Sentiu seu ombro formigar, o curativo estava sujo de sangue. A mulher que o lança míssil mandou que eles a seguissem e viu que alguns estavam fazendo isso, resolveu que iria atrás deles.
A mulher parecia saber o que estava sabendo, ela tinha um lança míssil, não devia estar sozinha num lugar desses. Poderia ter outros para ajuda-la a encontrar Luka.
Sentiu seu ombro formigar de dor e viu que o curativo estava bem sujo de sangue.

- Maldição...

Pegou a jaqueta de um soldado morto e vestiu para esconder seu machucado, colocou a mochila nas costas e seguiu os outros.
Havia uma fortaleza, olhou surpresa pra aquilo, que lugar era aquele? Não lembrava em nada a igreja. Eles pareciam preparados para uma guerra.

- Mas como...

De repente vários soldados surgiram nas torres, apontando suas armas e gritando, Larih parou. Assustada. Eles pareciam mesmo estar em uma guerra. Começou a se perguntar onde teria se metido.

A destruição da cidade significava duas coisas para Natasha, a primeira era a provável perda de todas as pessoas as quais ela gostava e amava. A segunda era uma preocupação a menos, a final ela duvidava em sobreviventes, ou pelo menos alguém que fosse aguentar até seu pequeno grupo não motorizado e sem meios de comunicação conseguir reforços e possíveis equipes de busca. Ela pode observar a tensão crescente em seus companheiros, por já ter passado por experiências de batalhas e perdas durante elas sabia que a tensão provavelmente era resultado da fadiga, ferimentos, dor e revolta. Afinal eles estavam impotentes para proteger ou salvar qualquer vida que não fosse a deles próprios. E nesse momento a única coisa com a qual se importava era em achar um abrigo e rápido! Ela não era a mais ferida ou cansada do grupo mas ela tinha certeza absoluta que a garota que outrora estava desmaiada não iria ficar muito mais tempo de PE se não pudesse descansar bem e se alimentar, a final ela tinha quase certeza que ela perdera muito sangue.
Ela ouviu uma voz de criança e olhou na direção onde achou ser a origem do som. Logo avistou duas crianças, ambas loiras e aparentemente da mesma idade. Ela sentiu um arrepio ao encarar o menino enquanto a menina gritava algo. “Coisa boa não vai vir deles”.
E como se fosse para justificar seu pressentimento, surgiram serpentes da água do rio que explodira. “Céus elas soa enormes!” Natasha mal teve tempo de desviar quando elas atacaram o soldado ao seu lado. Com esse movimento brusco ela sentiu que o seu curativo na perna já não resistira mais e sentiu o sangue escorrendo. Ela começou a disparar freneticamente contra as criaturas mas suas escamas negras pareciam aço, “Não parece ferro de estígio.” Foi ai que ela lembrou de um provérbio que aprendeu quando treinava artes marciais com um colega de seu pai: “ não importa o quanto se treine o corpo para se tornar aço, pois nunca se poderá treinar os olhos para tanto” enquanto ela desviava e atacava pensou “como vou mirar nos olhos se eles não para quietas?!” foi ai que ela ouviu o tal de Murilo gritando para mirar na boca. “ Boa, com o tamanho dela e com o fato de sempre estar virada para eles, esse sim era um alvo viável!!” sendo assim começou a atacar. “ se eu tiver a oportunidade vou meter uma bala na cabeça de cada uma desses crianças infernais! Pois não tenho duvida que elas não passam de demônios que estão usando essa forma para nos enganar!!!” a serpente começou a cuspir algo em sua direção, não pensando duas vezes desviou.
- Filha da puta! Isso é ácido! O que vem agora, bolas de fogo?!Com um fator complicador a mais ela teve de adiar o seu plano de cortar o mal pela raiz. “Pelo menos ate me livrar dessa aí”. E foi nessa hora que ela ouviu a explosão e com ela as serpentes se desfazendo em fumaça. Quando se virou, viu uma mulher que aparentava ser das forcas especiais. Quando olhou para a árvore onde as criaturas em forma humana estavam ela notou o motivo do desaparecimento das serpentes, ela estava correta, acabando com a dupla os servos seriam destruídos. “Será que esse raciocínio se aplicaria ao outro que eles viram na cidade?” a jovem se apressou e entrou na floresta. Ela a seguiu sem hesitar. Precisava de respostas e precisava agora, pois se houvesse uma forma de lutarem com aquelas coisas seria com a ajuda do exercito.
Quando se aproximava notou um rapaz indagando ela, exigindo saber quem ela era. O rapaz lhe era familiar, mas ela não se lembrava de onde havia o visto antes. Limpou a garganta e disse alto e claro:
-Sou a Tenente-coronel Natasha Ronavov das Operações Especiais Antiterrorismo, quartel da cidade de Lince. Qual é o seu nome e designação?
A mulher simplesmente a ignorou, o que a surpreendeu, afinal ela não parecia ser velha o suficiente para ter uma patente maior que a sua. Se não fosse a sua situação atual...
Eles chegaram ao que claramente era um forte, e soldados gritando e apontado armas para eles logo apareceram. Natasha estranhou. Não se lembrava da existência daquele lugar.
“Não confiem em ninguém” disse a anjo. Conselho que agora lhe pareceu muito sábio.

Narrador

-Hey eu tenho duas perguntas pra você... quem é você? e quem te chamou...

A moça virou o rosto para Rayden ao ouvir sua abordagem grosseira e sorriu ao ver a cara que ele fizera quando os guardas apontaram suas armas.

- Primeiro, eu não sou obrigada a responder nenhuma das suas perguntas, segundo, salvei sua vida, isso basta para você.

Virou-se para os guardas e levantou seu braço direito acenando.

- Mika, eles estão comigo! Sobreviventes!

De repente os guardas sumiram todos e o grande portão de metal se abriu e em seguida o portão da grade menor também, surgiram alguns soldados apontando suas armas para os lados e no meio deles um homem que se vestia igual a moça, era alto e bem mais velho, já com cabelos grisalhos e um tapa olho no olho esquerdo. Caminhava com um porte arrogante e ereto, olhou da moça para os grupo atrás dela.

- Onde conseguiu isso Leslyn?

A moça mudou um pouco de postura.

- Perdidos na floresta, atacados pelos demônios do caos.

Mika analisou o grupo um pouco surpreso, então olhou novamente para Leslyn.

- Leve-os pra governadora, eles estão horríveis, precisam de cuidados.

Leslyn afirmou com a cabeça e se virou para o grupo.

- Sigam-me.

E entrou pelos portões da fortaleza, os guardas continuaram parados nos cantos, apontando as armas ao redor, como se temessem um ataque a qualquer instante. Mika ficou parado esperando que todos entrassem.
O interior da fortaleza não se parecia em nada com o lado de fora, na verdade seu interior lembrava o de um bairro tranquilo, com pequenas casas de paredes brancas e telhados de telha vermelha, havia uma praça e ao redor dela tendas coloridas como numa feira, as pessoas se vestiam com roupas normais, algumas crianças brincavam numa fonte. Mas quando o grupo passou com Leslyn todos pararam olhando curiosos, as crianças se esconderam atrás das tendas.
Leslyn não falou com ninguém, apenas atravessou a praça, com sua expressão séria e porte um pouco arrogante, as pessoas até se afastavam um pouco para deixa-los passar. Atrás da praça avistava-se um casarão enorme, feito de paredes também brancas, mas seu telhado era negro, era grande, de uns três andares, com varanda e sacadas em algumas janelas. Leslyn se dirigiu para lá.
A porta dupla se abriu assim que ela subiu os degraus.

- Bem vindos.

Disse ao grupo e entrou. O interior era espaçoso, uma ampla sala de visitas com poucos móveis e bem iluminada, não haviam outras portas ou corredores, apenas a de entrada, no fundo as sala uma larga escada que se abria para os dois lados ao chegar no segundo andar. Havia uma mulher parada alí, vestia um vestido negro simples com um sobretudo branco por cima, o cabelo ruivo preso num coque, desceu os degraus devagar, um jovem a acompanhava um pouco atrás, se vestia como Leslyn e tinha uma prancheta na mão.

- Governadora.

Leslyn a cumprimentou, a mulher parou ao pé da escada e olhou para o grupo.

- Quem são?

- Sobreviventes. Tirei-os dos demônios do caos.

A mulher se adiantou para o grupo dando um sorriso de alivio. Leslyn deu uma última olhada para eles e se afastou em direção a escada, subindo os degraus.

- Fico imensamente feliz de que tenham sido encontrados!

A mulher juntou as mãos como se estivesse fazendo uma prece, olhando um por vez, parecia estar presenciando um milagre. Se aproximou um pouco deles, o jovem permaneceu na escada, segurando a prancheta e olhando para eles com um pouco de cautela, Leslyn havia sumido ao subir as escadas.

- Sou Avayra Mellin, guardiã da fortaleza.

Virou-se para o jovem.

- Elli avise que teremos convidados para o jantar e preparem quartos para eles, roupas e tudo o que eles precisarem.

Olhou novamente para o grupo, viu que a maioria estava machucada.

- Eles vão precisar de cuidados, assegure-se de que tenham tudo o que precisam.

Então seu olhar parou no braço de Rayden e sua expressão se tornou preocupada, quase aterrorizada.

- Você foi mordido? Alguma das criaturas encostou em você?

Elli se adiantou, se colocando ao lado de Avayra.

- Leslyn disse que isso foi obra do ácido, minha senhora. Não há com que nos preocuparmos.

Avayra pareceu se tranquilizar e olhou para Rayden.

- Peço desculpas por minha reação, mas não podemos permitir nenhum ferido diretamente pelas criaturas, perdemos muitos dos nossos por isso.

Logo voltou a sorrir.

- Mas enfim! Chega disso! Vocês precisam de cuidados e de descanso! Sei que devem ter muitas perguntas, mas infelizmente não poderei responde-las no momento. Teremos tempo no jantar. Elli vai acompanha-los, ele saberá como cuidar bem de vocês.

A porta de saída se abriu e Mika apareceu.

- Senhora, precisamos de você na praça.

Avayra contornou o grupo e foi para a porta, deu um último sorriso para eles e fechou a porta. Elli ficou parada na frente deles, com uma expressão neutra e sua prancheta na mão.

- Se quiserem me acompanhar, logo madame Avayra voltará para explicar as coisas a vocês.

E subiu as escadas.

- Vocês realmente estão precisando de cuidados.

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Lilith observava as câmeras da sala, sentada em sua poltrona na sala escura, havia apenas mais uma pessoa ali. Ela estava séria, compenetrada em seus pensamentos.

- Veja só...eles fugiram da ratoeira de Caim para cair na minha gaiola...

Murmurou batucando uma das telas com suas unhas vermelhas, observava atentamente o garoto mais jovem do grupo, o que se chamava César.

- Esse parece novo e forte, pode ser útil.

Disse para a pessoa que se encontrava encostada a parede, observou os outros integrantes do grupo.

- Traga esse garoto.

Apontou para César, fazendo um circulo em volta dele com a unha de seu indicador.

- Vamos usá-lo como nossa próxima cobaia.

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Elli deixou um em cada quarto para ser cuidado, dando ordens e fazendo observações. Depois de verificar que cada um do grupo estava sendo devidamente cuidado desceu para os andares inferiores. Depois do térreo ficavam os andares subterrâneos onde apenas se entrava com acesso autorizado. Elli encontrou Avayra e Mika ali, seguiram para um local que lembrava a uma prisão, haviam celas, todas vazias, apenas a do fundo estava com uma pessoa dentro, um jovem bem machucado e acorrentado a parede, tinha os cabelos brancos, mas seu rosto mostrava ter no máximo 25 anos, seus braços estavam puxados para cima e presos pelos pulsos a correntes. Ele ergueu a cabeça quando o trio se aproximou.

- Fiquei sabendo que você logo terá companhia Gabriel.

O jovem ficou olhando para eles em silêncio.

- Ela acha que pode começar o teste em humanos.

Gabriel piscou um instante.

- Vocês são completamente loucos, confiam suas vidas a eles...

Sua voz era baixa e suave, como uma brisa serena. Avayra sorriu, Mika balançou a cabeça. Ela se aproximou um pouco da grade.

- A oferta deles foi irrecusável.

- Assim como a passagem de vocês para o inferno.

A resposta de Gabriel saiu tranquila. Avayra passou o dedo por uma das grades.

- Basta ver onde você está e onde eu estou para pensarmos em quem realmente está no inferno.

Então se virou para Mika.

- Nosso convidado parece estar precisando de mais cuidados, chame seus homens e divirtam ele um pouco.

Olhou para Elli.

- Nós temos um jantar com convidados para cuidar.

Enquanto isso no andar de cima, o grupo era avisado sobre o jantar e eram acompanhados até a sala.

César Nickols

César ficou parado olhando enquanto os portões se abriam e outros soldados surgiam com armas, olhou para os outros esperando alguma reação. Um homem de tapa olho veio até a moça que os trouxera ali, não gostou dele de primeira, parecia ter alguma coisa errada, seu nome era Mika, chamou a moça de Leslyn. Os guardas continuaram apontando as armas para os lados enquanto os dois conversavam. César tentava calcular se havia alguma forma de voltarem correndo para a floresta sem levarem um tiro. Duvidou fosse possível sem que pelo menos alguém fosse ferido.
Leslyn mandou que eles a seguissem e ele não viu o que mais poderiam fazer a não ser obedecer, passou pelo tal Mika sentindo um desconforto, ele até poderia ser mais amigável se não tivesse aquele tapa-olho sinistro.
O interior da fortaleza chamou sua atenção, lembrava o bairro que havia morado com seus pais quando pequeno, em Jericoh. Pensar nisso deu um frio na barriga, o anjo havia mandado que eles fossem para Jericoh, sua família morava lá. Torcia para que estivessem bem. As pessoas olhavam para eles com curiosidade.

- Até parece que o circo chegou a cidade.

Comentou baixinho com Rayden. Viu as crianças correndo e se escondendo deles.

- O que acham que somos?

Reparou no casarão e que Leslyn o guiava para lá. César queria ir embora, esse lugar nãos inspirava confiança, olhou para Lari, ela não parecia bem, percebeu que ela usava uma jaqueta do exercito que ficava um pouco grande nela, lembrou da ferida em seu ombro, tinha feito um curativo, mas temia que não fora o suficiente. Se aproximou dela.

- Ei...você está legal?

Perguntou baixo pra que só ela ouvisse.

- Bem vindos.

Leslyn chamou a atenção deles quando a porta do casarão se abriu, ela entrou e obviamente esperava que eles fizessem o mesmo. Olhou para Lari como se pedisse pra que ela ficasse perto. Subiu os degraus e entrou na casa. O lugar era arrumado de mais, aliás o interior todo daquela fortaleza não se encaixava na situação do resto do mundo. As pessoas eram estranhas, as crianças eram estranhas, as casas eram estranhas. Será que eles não sabiam que criaturas do inferno estavam atacando e matando pessoas por ai?

- Quem são?

- Sobreviventes. Tirei-os dos demônios do caos.

Resolveu prestar atenção na conversa, havia outra mulher, ruiva, falavam sobre demônios do caos. O que seria isso? Pensou nas duas crianças da floresta, aquilo eram demônios...

- Fico imensamente feliz de que tenham sido encontrados!

A moça ruiva parecia feliz de vê-los ali, parados na sua sala, sujos e machucados, isso parecia um milagre pra ela, piscou sem entender, aquilo devia perturbá-la, haviam demônios por ai.

- Sou Avayra Mellin, guardiã da fortaleza.

A ruiva disse ser a guardiã da fortaleza, então era possível que fosse algo como o anjo que os ajudara em Lince. Mas ela não parecia em nada com um ser celestial, lembrava muito mais sua mãe do que qualquer outra coisa, começou a falar sobre cuidados, roupas e outras coisas para eles, mas por mais que quisesse não conseguia confiar nela, de repente ela exclamou assustada.

- Você foi mordido? Alguma das criaturas encostou em você?

César percebeu a tensão na sala, Avayra olhava aterrorizada para Rayden, por instinto se colocou ao lado dele quando um outro garoto se aproximou da ruiva, esperava por alguma encrenca, viu que o braço de Rayden estava mesmo machucado, mas nem por isso deixaria que encostassem nele.

- Leslyn disse que isso foi obra do ácido, minha senhora. Não há com que nos preocuparmos.

O tal garoto chamado Elli disse baixo, também não gostou dele e do jeito que os olhava, estreitou um pouco os olhos e não saiu do lado de Rayden. Avayra pareceu ficar tranquila com a afirmação dele.

- Peço desculpas por minha reação, mas não podemos permitir nenhum ferido diretamente pelas criaturas, perdemos muitos dos nossos por isso.

Ela pediu desculpas, mas César não gostou das palavras dela, olhou de canto de olho para Lari, preocupado com sua ferida, precisava examinar aquilo melhor, antes que alguém pudesse confundir aquilo com uma mordida de alguma das criaturas, ela dissera no porão da igreja que se cortara nos vidros de uma loja, lembrava de tirar alguns cacos da ferida, mas tinha medo de não terem tempo de explicar antes que fizessem alguma coisa com ela, mesmo que a ferida não se parecesse com cortes feitos por vidro, já vira isso várias vezes no hospital, lembravam mais arranhões...arranhões feitos por um animal...
A porta se abriu outra vez e o cara de tapa-olho chamou por Avayra, ela disse que falaria com eles mais tarde, durante um jantar e saiu atrás de Mika. Elli ficou parado olhando para eles, então subiu as escadas e mandou que os acompanhassem.

- Vocês realmente estão precisando de cuidados.

César decidiu que já era hora de alguém tomar conta daquela situação. Quando foram deixados nos quartos para serem cuidados, disse a uma das pessoas que trazia curativos e roupas.

- Pode deixar, eu sei me cuidar.

Pegou as coisas das mãos dela e quase fechou a porta em sua cara, olhou em volta, examinando o quarto, não parecia haver nada de mais, então por que ainda se sentia incomodado? Até agora as pessoas tinham sido bem prestativas, mas ainda assim parecia haver algo errado. Tirou sua camiseta e cuidou dos pequenos ferimentos que arranhões, um pouco a baixo de sua cintura havia uma faixa arroxeada, por causa do aperto que levara da serpente, quanto a isso não tinha muito o que fazer. Trocou sua roupas por limpas, fez um levantamento do que tinha em sua mochila ainda, tinha armas e munições, guardou tudo de volta e colocou a mala em baixo da cama, ficou com uma adaga que escondeu sub a camiseta, limpou o melhor que pode sua jaqueta e a colocou de volta.
Alguém bateu na porta avisando sobre o jantar.

- Já vou descer.

Respondeu sem abrir a porta, esperou mais alguns instantes então saiu para o corredor, encontrou Larih descendo e a puxou pelo braço.

- Preciso falar com você.

Disse num tom sério e baixo.

- Quero olhar a ferida em seu ombro outra vez. Tem certeza de que foi o vidro?

Larih Spencer

Larih ficou parada olhando para os guardas armados, torcendo para que nenhum deles estivesse num mal dia ou que fosse do tipo que atira antes de perguntar. Não queria levar um tiro. Viu a mulher que os trouxera alí responder algo a Rayden e gritar com os guardas.
De repente os portões se abriram e um homem com um tapa olho vem na direção deles junto com outros homens armados. Chamou a moça de Leslyn e perguntou sobre o grupo. Ela o chamou de Mika e disse algo sobre demônios do caos. Larih supôs que deviam ser as serpentes e as crianças que os haviam atacado na floresta. Começou a se sentir mal, estava fraca e precisava muito descansar, mas olhando em volta, algo lhe dizia que isso ainda demoraria um pouco.
Mika mandou que eles fossem levados até a governadora e Leslyn mandou que eles a seguissem, Larih olhou mais uma vez para Mika, ele parecia intimidador de mais com seu tapa olho, tratou de não olhar mais para ele, isso seria muita falta de educação. Seguiu o grupo para dentro da fortaleza e ficou grata pelos homens estarem apontando as armas para a floresta e não para eles, pelo menos mostrava que eles não eram a ameaça alí.
Quando viu o interior da fortaleza, achou o lugar muito lindo, casinhas com paredes brancas, uma praça com uma fonte e tendas coloridas. Haviam pessoas circulando por alí, não se vestiam como os soldados, usavam roupas normais, haviam até crianças brincando na fonte, rindo, isso parecia até um mundo paralelo ao do que eles tinham vindo, cheios de gritos, desespero e morte. Todos pararam para olhá-los quando passaram por eles. Pareciam curiosos.

- Devemos estar mesmo horríveis.

Murmurou quando as crianças correram para se esconder, estavam feridos, sujos e com caras de quem tinha acabado de escapar do inferno. Deviam assustar qualquer um.

- Ei...você está legal?

César se aproximou dela perguntando. Larih se encolheu um pouco e ajeitou a jaqueta a sua volta, ficou olhando pro chão e tentou dar um meio sorriso.

- Bem...acho que ninguém está muito legal, depois de sermos atacados daquele jeito.

Tentou responder de um jeito que não chamasse a atenção de César para ela ou para a ferida em seu ombro, não queria que ele lembra-se daquilo e começasse a fazer mais perguntas. Leslyn chamou a atenção deles, o que lhe deu um certo alívio para terminar a conversa. Viu a frente deles um casarão bem maior que as outras casinhas do lugar, a porta estava aberta e Leslyn parecia querer que eles entrassem, Larih subiu os degraus, deixando César ir um pouco a sua frente, para assim se esquecer um pouco dela.
O interior da sala em que entraram tinha poucos móveis, viu uma mulher bem vestida descendo os degraus, era ruiva que nem ela, mas parecia bem mais velha, um jovem com uma prancheta a seguia um pouco atrás, Leslyn se adiantou quando ela perguntou de onde o grupo tinha vindo e Larih ouviu outra vez sobre os tais demônios do caos. Mas a reação da mulher foi completamente diferente do homem do lado de fora da fortaleza, ela olhava para eles como se visse um milagre, parecia a ponto de fazer uma prece de agradecimento a Deus, chegou até a juntar as mãos. Se aproximou do grupo de forma empolgada. Larih deu um passo para trás desconfiada.

- Sou Avayra Mellin, guardiã da fortaleza.

Isso deixou larih surpresa, ela não parecia forte para ser considerada uma guardiã, se havia alguém alí que ela pensaria ser um guardião seria o tal Mika tapa-olho e não ela. Então o olgar de Avayra caiu sobre o braço de Rayden e ela ficou horrorizada, Larih percebeu a ferida no braço dele e se lembrou do ácido que a serpente havia espirrado contra ele, tinha machucado pra valer. Avayra parecia muito assustada com um simples ferimento, então perguntou se aquilo fora uma mordida de uma das criaturas ou fora por contato direto, aquilo sim preocupou Larih. O garoto com a prancheta se adiantou até a mulher e disse sobre o ácido, isso pareceu tranquiliza-la imediatamente.

- Peço desculpas por minha reação, mas não podemos permitir nenhum ferido diretamente pelas criaturas, perdemos muitos dos nossos por isso.

O estômago de Larih congelou de pavor com aquelas palavras. Entendeu imediatamente o que significava perder muitos, lembrou do que o anjo dissera no porão, qualquer ferido direto por contato com as criaturas deveria ser morto antes que fosse tarde de mais, aqui não parecia diferente, eles matavam os feridos. Naquele momento, mais do que tudo, Larih quis dar meia volta e ir embora, mas não podia simplesmente sair, tinha certeza de que nunca deixariam ou pior, começariam a fazer perguntas e a suspeitar, logo estaria ajoelhada na praça levando um tiro na cabeça quando descobrissem sobre a ferida.
Não podia se dar ao luxo de morrer, ainda não, precisava encontrar Luka, deixa-lo são e salvo, depois aceitaria morrer de bom grado, até se mataria se fosse possível, para que ninguém tivesse que sujar suas mãos com isso, mas por enquanto tinha que se manter calma, não podia fazer nenhuma besteira, manteria o disfarce.
Avayra saiu da sala com Mika e deixou-os sob os cuidados de Elli, ele pediu para que os acompanhassem e deixou cada um em quarto com mudas de roupas limpa e curativos, ficou feliz de se ver sozinha em um quarto, poderia cuidar em paz de seus ferimentos sem que ninguém lhe perguntasse alguma coisa.
Tirou a jaqueta do solado morto e a deixou sobre a cama, depois tirou suas roupas sujas e tratou de tomar um banho, deixou que um pouco de água gelada caísse sobre a ferida enquanto tirava o curativo da ferida em seu braço. Depois de tomar um banho, vestiu uma roupa limpa e fez um novo curativo pro corte em seu braço, a ferida não parecia ruim, apenas refez o curativo e colocou uma atadura nova.
Agora precisava cuidar de seu ombro, para isso teve que tirar a camiseta, ficou de lado olhando no espelho e arregalou os olhos quando viu o estado da ferida, aquilo estava muito mais feio do que tinha imaginado. As beiradas estavam enegrecidas como se tivessem sofrido uma queimadura, as veias em volta se destacam em sua pele clara de forma medonha, estava mais do que óbvio que havia infeccionado e feio, Larih não sabia direito o que fazer com aquilo, parecia que a água que havia deixado cair sobre ela não havia ajudado em nada, continuava com uma aparência feia de mais. Pegou um dos remédios que tinha deixado, um liquido anti-inflamatório, umedeceu um algodão e passou sobre a ferida, a ardência foi tanta que achou que fosse vomitar, agradeceu por estar com o estomago vazio a horas e continuou a limpar a ferida, que ardia cada vez mais, era como se não quisesse ser tratada. Depois que terminou de passar por toda a extensão da ferida percebeu que o algodão estava um pouco manchado de sangue, jogou no lixo e pegou um outro remédio que dizia no frasco ser para esterilizar feridas, também era liquido e era avermelhado, mas no momento que aplicou contra o machucado desistiu, a dor foi tão forte que sentiu-se tonta e o banheiro pareceu girar ao seu redor. Desistiu de fazer qualquer coisa quanto a ferida. Jogou tudo no lixo e pegou um pacote de gazes, cobriu o ferimento com elas, depois pegou um rolo de atadura e tratou de envolver o ombro, deixando bem preso, prendeu com o esparadrapo e deu uma última olhada avaliando o que tinha feito, olhando assim não parecia tão grave, só ela conseguia saber o quanto estava doendo, tinha que tomar apenas cuidado de não mover tão bruscamente o ombro, assim doeria menos.
vestiu a camiseta de volta, era de manga curta, mas escondia a atadura de seu ombro, deixando apenas a do braço visível. Deitou na cama suspirando, estava exausta, mas não conseguia para de pensar em seu irmão, dele caindo no buraco e sumindo na escuridão, queria saber se estava machucado, se alguma criatura o tinha atacado e se estava com medo.
Fechou os olhos.
Ouviu um rosnando dentro do quarto e abriu os olhos imediatamente, sentando na cama de uma vez. A criatura estava lá, parada um pouco frente da porta do banheiro, a poucos passos da cama, com os dentes à amostra, Larih sabia que era a mesma que a tinha atacado na loja, não tinha conseguido mata-la afinal, e agora ela estava ali para terminar o serviço, até tentou se levantar da cama e correr em direção a porta, mas o monstro foi mais rápido, num segundo havia saltado e prendido Larih entre suas patas em cima da cama, então desceu seus dentes contra o braço dela, ela sentiu as pontas afiadas perfurando sua pele pra valer e a mordida foi tão forte que pode ouvir o estralo de seu osso quando ele quebrou. Gritou desesperada.

- Não!

Larih deu um pulo da cama e caiu sentada no chão, em pânico, esperando por mais um ataque do monstro, mas quando olhou em volta não havia nada no quarto, percebeu que fora apenas um pesadelo, um pesadelo real de mais. Apertou as mãos contra a cabeça fechando os olhos.

- Não comece a enlouquecer agora Larih.

Se estomago revirou com violência e teve que correr até o banheiro achando que dessa vez fosse vomitar, se apoiou na porta tentando se acalmar, não havia nada ali, nenhum monstro para ataca-la, com todos aqueles homens armados devia estar no mais seguro que poderia encontrar. Alguém bateu na porta fazendo a pular de susto, teve que tapar a boca para não dar um berro.

- Senhorita?

Ouviu alguém chamar do outro lado.

- Sim?

Respondeu com uma voz controlada.

- Madame Avayra pede a presença de todos para o jantar.

- Obrigada, descerei em um minuto.

Respondeu entrando no banheiro, lavou seu rosto mais uma vez e tentou parecer com uma cara melhor, prendeu os cabelos e lavou de novo o rosto, mas ainda assim parecia que tinha acabado de ser atropelada por uma turba de demônios. Sentiu um gosto amargo e se inclinou na pia para lavar a boca, quando ergueu a cabeça outra vez se assustou quando olhou seu rosto no espelho, dando um passo para trás, por um instante não era ela que tinha vista no espelho e sim um demônio.

- Você não vai enlouquecer agora. Ou acabará com uma bala na cabeça.

Apagou a luz do banheiro e tratou de sair do quarto, antes que pirasse de vez. Foi pelo corredor em direção a escada que dava para os cômodos do andar de baixo, sentiu alguém pegar em seu braço.

- Preciso falar com você.

Era César, o que ele queria agora? Se virou para ele.

- O que foi?

Ele se aproximou um pouco mais, parecia sério.

- Quero olhar a ferida em seu ombro outra vez. Tem certeza de que foi o vidro?

Larih não conseguiu responder de imediato. Fora pega de surpresa com a pergunta. Ele desconfiava, se é que já não sabia de algo. De repente se sentiu dominada por uma raiva furiosa, soltou seu braço bruscamente, girando o pulso de César com força, o encarando com raiva.

- Eu já disse o que aconteceu. Agradeceria que parasse de se intrometer nisso.

Sua voz saiu ríspida e gélida, o que a deixou assustada, quando percebeu o que estava fazendo soltou o pulso de César e se afastou alguns passos. O que tinha dado nela?

- César...desculpa...eu não queria...

Então deu as costas pra ele antes que pudesse dizer mais alguma coisa e desceu apressada as escadas para a sala de jantar. De onde viera aquela raiva toda? Em toda sua vida tinha sido raro agir assim e apenas quando fora algo muito extremo. No que estava se tornando? O que acontecia com quem era ferido por uma daquelas criaturas? Pensou nas pessoas que tinham morrido sob as ordens da governadora, em que estado elas se encontravam para chegar a tal ponto. Uma voz dentro dela parecia implorar para que não deixasse chegar a esse ponto.

Rayden Donovan

- Primeiro, eu não sou obrigada a responder nenhuma das suas perguntas, segundo, salvei sua vida, isso basta para você.

Rayden que olhava para os varios soldados apontando suas potentes armas para eles, voltou a olhar a mulher que agora sorria vendo sua reação, ele deu um sorrisinho esnobe cerrando os olhos um pouco.

-Ta... depois te compro uma lembrancinha...

Logo viu que ela levantou a mão, parecia ter poder entre os varios soldados ali presentes, logo o homem com o tapa olho fora visto por todos, era de fato estranho e amedrontador. Mika parecia o nome dele... "Tsc... que raio de nome é Mika...?", pensou o rapaz olhando para ele que logo chamava a mulher de Leslyn. Não demorou muito para ele dar ordens à mulher para leva-los à governadora.
O pessoal começou a entrar e Rayden ficou meio receoso olhando para os que entravam, sabia que tinham de ir para Jericho, nao podiam perder tempo ali, mas de fato, nao conseguiriam prosseguir nas condiçoes em que se encontravam, a maioria estava ferida, e os olhos do rapaz olharam para Larih, era a que mais lhe preocupara, por ter tirado ela da destruiçao da cidade, vira como ela estava ferida e cansada, logo ele começou a andar se aproximando de Cesar e Larih. Os outros mais atras eram Natasha, cuja personalidade lider era notada por todos, Murillo que parecia ser bom e centrado, e Sunny que era praticamente uma ninja... estes tres pareciam estar bem juntos e pareciam ja estarem conversando entre si; isso fazia Rayden voltar suas atençoes para Larih, ferida... cansada... e triste pelo irmao, e Cesar, que apesar de ajudar a todos, era o mais jovem dali.
Ao entrar pela fortaleza viu como uma vila, ou pequena cidade, as casas eram praticamente iguais e a população parecia totalmente tranquila e desconhecida das situaçoes do lado de fora dali. O rapaz se sentia terrivel, eles estavam sujos, ensaguentados, empoeirados e isso causava medo e espanto na população dali que os via.

- Até parece que o circo chegou a cidade..... O que acham que somos?

Ouviu Cesar falar com ele e virou um pouco a cabeça conversando baixo com ele.

-Cara olha só pra gente... devem estar achando que fomos atacados por coiotes... ou lobos...

Logo viu o casarão à sua frente, era parecido com o estilo das outras casas, mas era maior, bem maior.

-Bem Vindos

A mulher disse subindo e entrando para o interior do local. Cesar foi com Larih à frente e Rayden ficou entre os dois e os demais que vinham atras dele. Logo todos pararam ao ver a mulher descendo as escadas, realmente ela parecia importante, estava bem trajada e parecia ser a superior ali. Logo ouviu Leslyn chama-la de governadora..."Tsc... quem nao vai gostar disso é a Romanov com essa mania de mandar...... A mulher se apresentou como Avayra, a guardiã da fortaleza... falou tambem sobre o jantar, aquilo fazia sua barriga doer, estava faminto... correr de serpentes era meio aterrorizante demais e lhe deu fome, logo notou que a mulher olhou fixamente pro seu braço como num espanto.

- Você foi mordido? Alguma das criaturas encostou em você?

Nesse momento viu Cesar se aproximar dele como se fosse o defender, Rayden moveu o braço para ele e pos as costas da mao no peito do mesmo o afastando um pouco pra tras, como se avisasse para ele nao fazer aquilo. Logo o homem atras dela a avisou que era obra do ácido.

- Peço desculpas por minha reação, mas não podemos permitir nenhum ferido diretamente pelas criaturas, perdemos muitos dos nossos por isso.

-Tudo bem...

Nesse instante ele olhou pro proprio braço, estava só com a camisa já que sua jaqueta fora perdida no meio da confusao na floresta, seu curativo estava todo sujo de sangue, afinal era um curativo bem fraco e mal feito. Agora eles eram convidados a subir para serem cuidados, aquilo parecia ser bom, nao tinha como recusar alguma ajuda no estado em que se encontravam, logo subiu com os outros e cada um vou direcionado a um quarto diferente. Rayden entrou em um deles e um homem o aguardava para o ajudar.
Rayden sorriu para ele rapidamente e se sentou tirando a camisa, o homem em silencio tirou o curativo improvisado e começou a tratar do ferimento, estava um pouco fundo, ja que o ácido corroera sua carne.

- Como é que... ai... pode haver esse lugar... ei cara isso dói

O homem nao esboçou muita reaçao, continuou sério e em silencio enfaixando o braço dele, ao terminar o curativo Rayden o liberou e fechou a porta do quarto, se dirigiu ao banheiro e abriu a torneira, lavou o rosto e os braços, nesse momento de lembrou de Larih, se suas suspeitas fossem verdade aqueles soldados poderiam mata-la, e se nao fizessem isso, Natasha faria. Suspirou e vestiu roupas limpas, fora à mochila conferir se nada tinha sido danificado, pegou a Vipertek (arma de choque) e a pos no coz da calça, nao queria se separar dela. Logo ouvir alguem bater na porta.

-A governadora chama para o jantar.

Aquilo soava como musica aos seus ouvidos, mesmo que estivesse desconfiado daquele lugar tao estranho, estava faminto. Nao demorou para abrir a porta e sair do quarto. Ao fazer isso se deparou com Cesar segurando o braço de Larih mais proximos à escada, ela com uma reação muito estranha virou punho dele.

- Eu já disse o que aconteceu. Agradeceria que parasse de se intrometer nisso.

Rayden correu ate lá, aquele movimento podia machucar o punho dele pra valer, ele logo tentou afasta-los empurrando devagar os dois contra direçoes diferentes, assim Larih soltou o punho dele.

-Larih o que esta fazendo?? ficou maluca??

- César...desculpa...eu não queria...

Ela logo se virou e desceu apressada, Rayden se virou pra ele olhando pro punho do mesmo.

-Calma cara... você esta bem??

Ele olhou pras escadas novamente com uma expressao confusa, o que teria feito ela agir daquele jeito??

Murillo Assassyh

Murillo não se surpreendeu muito com todos aqueles soldados apontando armas, no fundo comprava tudo aquilo realmente a uma guerra, era mais do que óbvio que haveriam lugares assim. Mas ainda assim era algo que chamava a atenção pela eficiência.
A garota que os trouxera alí e que descobriu se chamar Leslyn, parecia alguém arrogante, assim como o homem superior a ela que surgiu quando os portões abriram, não prestou muita atenção a conversa deles, seu interesse estava voltado para as armas que os soldados traziam.

"Onde conseguiram todas essas armas?"

Pensou analisando o fuzil que um deles segurava, então levantou o mapa da região em sua mente e começou a esqudrinhar cada pedaço do terreno, se não estivesse engando, esse lugar pertencia a sua empresa. Não deveria haver nada naquele local, não lembrava de ter alugado e ou permitido algo assim.
A tal Leslyn mandou que eles a seguissem e foi o que ele fez. Por dentro o lugar não parecia tão ameaçador, as pessoas estavam normais, tirando o fato de que havia a muralha de ferro em volta com homens armados, o lugar poderia se passar por um tranquilo bairro.

– Não devíamos ter seguido essa mulher, talvez não sejam de confiança as pessoas daqui!

Ouviu Sunny comentar, se inclinou um pouco para mais perto dela.

- Apenas fique de olhos abertos e não baixe a guarda.

Disse olhando em volta outra vez, eles se aproximavam de um casarão, olhou um pouco para trás, para Natasha e fez um sinal com a cabeça apontando para os guardas na muralha, as pessoas desse lugar também não pareciam do tipo que baixam a guarda.
Quando entraram no casarão foram recebidos por uma mulher, que parecia completamente deslocada referente aos outros, deu um sorriso espontâneo e alegre ao vê-los, como se já os conhecessem e fossem melhores amigos a tempo.
Se apresentou como Avayra e falou sobre cuidados e jantar, apontou para o braço de Rayden perguntando sobre a ferida, isso o fez lembrar de seu próprio ferimento no rosto, tocou o lugar um pouco a baixo do olho e lembrou do homem com tapa-olho do lado de fora. Teve que segurar a risada ao imaginar que por alguns centímetros não acabara como ele. Não gostou quando ouviu falar que eles haviam perdido muitas pessoas feridas pelas criaturas. Entendeu o que aquilo significava.
Quando Avayra os deixou aos cuidados de um jovem chamado Elli não teve muito o que protestar, o jeito era seguí-lo e ver no que aquilo acabaria.

- Assim que der, precisamos sair daqui.

Falou baixo para Natasha.

- Nosso alvo é Jericoh.

E subiu as escadas com o resto do grupo, Sunny tocou em seu braço chamando a atenção.

- É bom não ficar desarmado aqui, não sabemos o que pode acontecer nesse “Jantar”

Murillo deu um meio sorriso e uma piscada para ela.

- Espero que as senhoritas se preparem muito bem para o jantar.

Disse para Sunny e Natasha, torcendo para que elas entendessem o recado. Entçao entrou no quarto e deixou que fizessem um curativo descente em seu rosto e nos outros machucados. Depois de dispensar a pessoa ficou encostado a parede, olhando pela janela. O lugar era realmente bonito, mas havia algo alí que parecia desencaixado. Como se faltasse uma peça no quebra-cabeça e estava curioso para saber o que era. Queria muito dar uma volta e ver o resto do lugar, mas tinha a sensação de que não deixariam que fizesse isso.
No fundo sentia-se mais um prisioneiro do que um hospede e não conseguia explicar porquê.

- Não!

Ouviu um grito e olhou em volta, parecia ter vindo do quarto ao lado, era a voz da tal Larih, se aproximou da parede e encostou o ouvido, tentando escutar mais. Ela podia estar precisando de ajuda.

- Você não vai enlouquecer agora. Ou acabará com uma bala na cabeça.

Conseguiu ouvir o comentário e isso o deixou curioso. Larih parecia falar com alguém. Depois alguém bateu em sua própria porta o chamando para o jantar.

- Já estou descendo.

Respondeu ainda com as mãos na parede. Por que Larih tinha medo de enlouquecer? O que estaria acontecendo com ela? O que estaria acontecendo...Resolveu pegar uma das armas que trouxera e colocar escondida na parte de trás da calça, sob a camisa, pensou em ir até o quarto dela para verificar se estava tudo bem...
Ouviu passos e foi até sua porta, abrindo um pouco. Larih estava no corredor junto com o garoto mais novo do grupo, eles pareciam conversar, de repente ela ficou agressiva e torceu o pulso dele.

- Caramba...

Saiu do quarto surpreso com a força e rapidez dela, viu o cara ferido pelo ácido se apressando em direção aos dois e em seguida Sunny surgiu. Larih se afastou deles com uma expressão de medo.

- Hora...hora...

Murmurou baixinho. Começava a entender qual poderia ser o problema alí, viu que Natasha se aproximava e perguntou olhando Larih descer as escadas.

- O que aquele anjo falou mesmo sobre os feridos?

Amber Ludovick

Amber tinha conseguido entrar na fortaleza com muito custo. Desde que a guerra começara entre os anjos e demônios estava cada vez mais difícil se comunicar com seus irmãos celestiais. A passagem estava fechada e agora Gabriel estava preso sobre as garras de Mika.
Havia demorado quase um século de treinamento para aperfeiçoar uma técnica de camuflagem para se passar por uma humana nas terras inimigas, mas já fazia quase um mês que estava naquela forma dentro da fortaleza e isso a estava deixando fraca. Precisava fazer alguma coisa para tirar logo Gabriel de lá, talvez ele e os outros arcanjos juntos poderiam abrir novamente o portal celestial.
Mas Leslyn havia trazido mais humanos e ela não estava gostando nada disso.
Geralmente quando humanos eram trazidos, iam direto para os possuidores e não para a casa grande de Avayra, isso queria dizer que os planos para eles eram outros. Precisava descobrir o que estava acontecendo.
Naquela noite, durante o jantar, Amber conseguiu sair de seu alojamento sem ser vista. Não podia usar sua áurea celestial pois os demônios sentiriam sua presença imediatamente, mas tinha seus truques. Se esgueirando pelas partes escuras conseguiu chegar até os fundos da casa grande, apurou os ouvidos para ver se escutava algo, os empregados preparavam o jantar, seria fácil distrai-los.
Assim que encontrou uma janela aberta pulou para dentro, estava num corredor, ouviu passos em sua direção e entrou na primeira porta que viu. Eram um armário de roupas para os empregados, sorriu com sua sorte, vestiu uma roupa simples e prendeu o cabelo. Saiu do armário parecendo outra pessoa.
Agora seria mais fácil se misturar e procurar pela casa.

- O que está fazendo aqui?

Se assustou quando ouviu alguém perguntar atrás de sí, virou e viu Elli parado no corredor com sua prancheta. Continuou muda, sem saber o que falar.

- Você deveria ir para a cozinha, vão servir o jantar e termos convidados. Ande logo!

Ele a empurrou na direção contrária e a levou até a cozinha, Amber decidiu não abrir a boca. Elli era temido por todos na fortaleza, tinha fama de ser um dos piores torturadores de Avayra. Quando chegaram a cozinha ele a empurrou para dentro.

- Atenção!

Gritou chamando a atenção de todos os que trabalhavam na cozinha.

- Essa noite temos convidados especiais...

O jeito que disse aquilo causou calafrios em Amber. Ele tirou algo do bolso de seu casaco e entregou para o chefe da cozinha.

- Quero que despeje isso em todas as taças que forem servidas para o garoto mais novo. Não tem cheiro nem gosto. Precisamos dele apagado entendeu?

O chefe da cozinha segurou o saquinho e confiou com a cabeça. Elli sorriu.

- Ótimo. E não se preocupem, se vocês fizerem tudo certo não sofrerão nada e logo todos estarão livres.

Deu as costas e saiu da cozinha, as pessoas voltaram a trabalhar imediatamente. Todos eles eram prisioneiros da fortaleza feita pelos demônios para ser uma das bases de Lúcifer quando ele voltar. Os humanos eram caçados e trazidos para este lugar e serviam para as mais variadas e assustadoras coisas.
Deram uma bandeja de pratos a ela e mandaram que fossem colocados na mesa de jantar. Amber seguiu outra moça que levava talheres. Começaram a arrumar a mesa de jantar quando Avayra entrou conversando com outra mulher, Amber quase deixou cair os pratos quando a viu. No começo da guerra, quando os anjos menores começaram a sumir haviam rumores sobre essa mulher. Lilith. A preferida de Lúcifer. Não podia acreditar que ela estava na fortaleza com Avayra.
Tratou de arrumar bem rápido a mesa para se afastar o mais rápido possível, tinha medo de que mesmo com seu disfarce Lilith poderia sentí-la.
As duas se sentaram numa das pontas da mesa e permaneceram absortas em sua conversa. Então os primeiros convidados começaram a entrar e as duas pararam sorrindo para eles.
Amber sentiu pena deles. Não faziam idéia no que tinham se metido. Precisava tirá-los dali o quanto antes.

Narrador

Avayra deixou Gabriel aos cuidados de Mika, mandou Elli cuidar do jantar enquanto descia até os andares mais inferiores, onde todos eram proibidos de entrar, exceto se fossem convidados. Qualquer um que desobedecesse a ordem era morto. Avayra era uma das poucas que ia até la. De todos que davam ordens na fortaleza, essa a mais temida de todas. Lilith. Ela começara com tudo isso, chegara com seus demonios e construira a fortaleza da noite pro dia e em seguida caçou um por um. Chantagens e ameaças. Foi um inferno. Mas ela também ofereceu poder. Estatus. Mostrou o que deviam esperar no novo mundo que estavam criando. Coisas que não podiam ser recusadas.

- Abra.

Disse ao sair do elevador e parar em frente a uma porta de metal grosso, havia um vigia ali, ele estava com os pés em cima de uma pequena mesa e lia um livro, ergueu os olhos por cima dele e mediu Avayra de cima a baixo.

- Ela deu permissão?

Avayra chutou as pernas da cadeira e fez com que ele perdesse o equilibrio e caisse de costas no chão.

- Não preciso te responder nada.

A porta se abriu sozinha e Lilith apareceu encostada no batente, usava suas roupas de couro de costume, o cabelo loiro preso num coque frouxo e o olhar azul frio. O vigia e Avayra pararam, olhando para ela em silêncio.

- Pode entrar Avayra. Precisava mesmo conversar com você.

E sem dizer mais nada deu as costas e sumiu no corredor escuro. Avayra seguiu um pouco depois e a porta se fechou atras dela. A sala era bem escura, iluminada apenas pela luz das telas de televisão. Lilith sentou-se de volta em sua poltrona larga, colocando as pernas para cima e cruzando os braços enquanto olhava para o quarto de César e depois para o de Lari. Havia um garotinho sentado aos pés do sofá, abraçados com seus joelhos, se balançando levemente para frente e para trás, tinha o olhar fixo nas telas.

- E então?

Lilith perguntou olhando por cima do sofá para Avayra. Ela permaneceu no fundo da sala, encostada a parede, como todos deveriam ficar, a não ser que ela os mandasse se aproximar e quando isso acontecia, geralmente as pessoas nunca mais saiam dessa sala, não com vida pelo menos.

- Eles já estão acomodados e irão jantar conosco. Mika está tentando retirar mais alguma informação de Gabriel e Elli está arranjando tudo para usarmos o garoto para a próxima experiência.

A demônio sorriu satisfeita e voltou a olhar para as telas de tevê, colocou a mão sobre a cabeça do garotinho, que continuou se balançando e olhando sem piscar para as imagens que passavam.

- Agora faça o seu trabalho...

Disse a ele, o garoto se encolheu um pouco, abriu a boca e começou.

- Aquela é Iamagushy. Veio da China, luta bem com espadas, não tem um vinculo especial que possa ser usado. Aquele é Murillo, um Assassyh, tem familia no Texas, uma filha pequena. Aquele é Rayden Donovan, filho de um homem do exército, seu pai foi morto por um dos nossos em Lince. Aquela é Natasha Romanov, é uma militar, os sobreviventes do exército estão a procurando, podem ser uma ameaça. Aquele é César, é o mais jovem do grupo, tem familia em Jericoh, é forte e deve servir para os planos da senhora. Aquela é Lari, perdeu os pais num acidente, tem um irmão desaparecido e está a sua procura, creio que ele se encontra sobre nosso poder e....

O garoto cerrou um pouco os olhos se concentrado. Então inclinou um pouco a cabeça pra cima e chamou Lilith com a mão, ela se inclinou um pouco para baixo e ele disse baixo em seu ouvido.

- Ela foi ferida por um dos nossos.

Lilith olhou para a imagem de Lari um pouco surpresa, o que um ferido estava fazendo alí? Isso era interessante, ela sobrevivera, tivera forças pra chegar tão longe. Geralmente mandava Mika matar todos os feridos, mas dessa vez....

- Avayra?

Chamou pela moça que ainda estava costada no fundo da sala.

- Acho que jantarei com vocês essa noite...

Avayra ficou surpresa, Lilith nunca saia de sua sala. Só ordenava.

- Tudo bem...avisarei a Eli e...

Lilith se colocou de pé numa velocidade impressionante, nem pareceu precisa de impulso para isso. Apenas estava de pé.

- Não será necessário. Irei com você.

AS duas sairam da sala, com Avayra ainda surpresa pela decisão de sua mestra, ela parecia tão tranquila que chegava a assustar. Quando passou pelo vigia parou para dar ordens.

- Assim que o garoto do segundo quarto voltar para seus aposentos quero que espere uma hora e entre pela passagem interna, leve-o para o subsolo três junto com Gabriel. E...mate a militar, não posso me dar ao luxo de ter alguém como ela aqui.

O vigia apenas confirmou com a cabeça, Lilith foi para o elevador, Avayra a seguiu ansiosa.

- Não precisa ficar tensa Avayra.

Disse com um sorriso enquanto o elevador subia.

- Isso vai ser mais interessante do que você imagina.

Quando chegaram a sala de jantar apenas os empregados estavam preparando o lugar, todos pareceram tensos quando Lilith entrou, ela gostava disso, sorriu para eles enquanto falava com Avayra.

- Avise a Mika para deixar Gabriel solto da parede, mas ainda com os braços acorrentados. Eli devera dar uma boa desculpa para o sumisso do garoto e a morte da militar, ele é bom nisso.

Deixou Avayra sentar a cabeceira da mesa, para manter as aparências, ficou na cadeira ao seu lado.

- Apresente-me como uma amiga.

Disse tranquila quando viu que os convidados começavam a chegar. Assim que todos estavam sentados, Lilith passou a observar cada um deles com uma certa curiosidade, sabia um pouco de cada um, começava a criar estratégias para tê-los sobre seu poder.
Avayra foi a unica que falou com eles durante toda a noite. Falou um pouco sobre a fortaleza e sobre o que fazia ali, lutando a protegendo as pessoas contra os demônios que haviam invadido a terra. Disse que eles eram bem vindos para ficar o tempo que quisessem.

- Creio que seria até mais seguro ficarem aqui. Vocês não tem muitos suprimentos, nem transporte ou munição que dure o suficiente. Aqui daremos apoio a vocês.

Lilith analisou Lari, ela não parecia exatamente bem, isso era curioso. Quanto tempo ela aguentaria? Poderia ser um bom espécime de analise. Depois de um pouco mais de uma hora de jantar Lilith se levantou pedindo licença e dando boa noite a todos se retirou. Desceu até as prisão do subsolo, havia uma sala com um pequeno altar e uma bacia de prata. Lilith derramou o sangue de uma jarra que havia ao lado e esticando as mãos sobre ela invocou Caim.
Sua imagem apareceu dentro do sangue.

- Fiquei imaginando quando me chamaria irmã.

- Parece que os seus ratinhos fugiram da sua ratoeira e vieram parar na minha gaiola. O que devo fazer com eles?

- Exibida.

Lilith riu.

- Um deles foi ferido. Poderá nos ser útil.

Caim deu um sorriso.

- Seu demoniozinho maquiavélico. Como consegue?

- Não sou a preferida de Lucifer apenas pelo rosto bonitinho. Venha para cá, preciso de você.

A balançando as mãos fez a imagem de Caim desaparecer.

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Avayra permaneceu na sala de jantar com o grupo.

- Creio que vocês devem estar cansados.

Disse se levantando.

- Fiquem a vontade, preciso me retirar, peço apenas para que não saiam das dependências do casarão.

E saiu da sala.

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Eli esperou que todos estivessem dormido, estava com Mika numa das salas inferiores, esperando que trouxessem César. A quantidade de sonifero que haviam colocado em sua bebida era o suficiente para que ele dormisse por um bom tempo, sem perceber o que haviam lhe dado, sem cheiro e nem gosto, ele dormiria como uma criança. Avisaram pelo radio que estavam subindo para o quarto.

- Eu fico com o garoto.

Disse para Mika.

- Acabe com a militar.

Os dois subiram em silêncio, para que ninguém acordasse, Eli parou na frente do quarto de César e com cuidado entrou. Havia outro homem ali, os dois ergueram o garoto da cama e sairam pela passagem interna do quarto. Mika continuou pelo corredor até o quarto de Natasha, em silêncio abriu sua porta e a fechou imediatamente após ter entrado, trazia uma pequena adaga, se aproximou da cama que ela dormia sem fazer um unico som, olhou para ela por um instante, colocou a adaga na cabeceira da cama e tirando um pano umidecido de alcool de dentro de seu casaco tapou a boca e o nariz dela para que não acordasse, segurou natasha enquanto ela se debatia lutando contra o pano em seu rosto, Mika a segurou com força ate que ela apagou novamente.

- Uma pena.

Disse pegando a adaga.

- Você até que era bonita.

E cortou sua garganta de ponta a ponta. Saiu do quarto pela passagem interna para que ninguém o visse e desceu para o subsolo das prisões. Eli já estava la com César.

- Tudo feito.

Eli amarrou César e o deixou na cela onde Gabriel estava, este estava deitado no fundo da sala, muito machucado, ergueu um pouco a cabeça quando Eli entrou.

- Um amiguinho para você.

Eli disse com um sorriso e saiu da cela, trancando os dois. Gabriel tentou se aproximar do garoto, cutucando-o com o pé.

- Ei garoto...acorde.

César Nickols.

César ficou assustado com a reação de Larih, não esperava por algo assim, quando sentiu o pulso torcido deu um passo médio desequilibrado pra trás, puxando o braço por reflexo.

- Larih!

Ouviu Rayden se aproximar e de repente ela soltou seu pulso, também parecia assustada, um pouco perdida. Pediu desculpas e desceu a escada quase correndo, César ficou olhando se afastar sem entender o que tinha acontecido alí. Olhou para Rayden, massageando seu pulso.

- Você viu isso?

Viu que os outros também se aproximavam e decidiu não fazer alarde daquilo, mais tarde conversaria sozinho com Larih, precisava entender o que estava acontecendo com ela, deu um pequeno sorriso para Sunny.

- Não aconteceu nada, foi só uma briga boba.

Resolveu descer para a sala de jantar, ia ao lado de Rayden.

- Olha...estou preocupado com a Larih, preciso dar mais uma olhada no ferimento dela. Aquilo parecia feio e tenho medo de não ter cuidado direito.

Falou bem baixinho para que mais ninguém ouvisse. Quando chegaram a sala de jantar Larih já estava sentada num canto, ficou meio indeciso se sentaria ao lado dela ou não. Ficou com medo de ela ter outro ataque de raiva, fez um sinal para Rayden sentar de um lado dela e ele sentaria do outro. Quando sentou deu um sorriso amigável para ela e resolveu não falar nada no momento. Percebeu a mulher linda que estava sentada ao lado de Avayra e por um segundo perdeu a concentração.

“Caramba...”

Pensou, ela era muito bonita. Avayra a apresentou como uma amiga. César balançou a cabeça e olhou pro outro lado, viu Murillo e Natasha, Sunny estava sentada do outro lado da mesa, estavam todos ali. Avayra começou a falar sobre a fortaleza e César, como um curioso nato começou a fazer perguntas. Perguntou sobre várias coisas, enquanto o jantar era servido. A amiga bonita dela ficou em silêncio durante todo o tempo, apenas os observando. De vez em quando César olhava para Larih, ela não parecia bem, mas também não falava nada, então olhava para Rayden com uma expressão um pouco preocupada.

- Acha que conseguimos chegar a Jericoh em quanto tempo?

Perguntou a Avayra bebendo um gole do suco que lhe serviam, era bom, mas no fundo parecia ter algo estranho, só não conseguia entender o que era. A resposta da protetora o deixou desanimado, eles não dariam apoio nenhum caso decidissem ir embora. Isso seria um problema. Não podiam ficar naquele lugar para sempre, o anjo em Lince dissera que eles tinha que chegar a Jericoh e sabia que precisava obedecê-la, conversaria com o grupo depois sobre isso.
O jantar continuou tranquilo, todos conversam calmamente. Num dado momento César se virou para Larih e falou baixo.

- Você devia descansar Larih. Não parece muito bem...

E deu um sorriso tranquilo pra ela pra mostrar que se preocupava. A amiga de Avayra pediu licença e saiu da sala. César começou a se sentir cansado, realmente cansado, o que estava acontecendo? Mal conseguia deixar os olhos abertos direito. Quando Avayra também pediu licença para se retirar resolveu que era hora de subir também, estava precisando de uma boa noite de sono.

- Acho que vou subir.

Disse bocejando.

- Meu Deus, nem consigo manter os olhos abertos direito.

Saiu da sala de jantar segurando no corrimão, devia estar com a pressão um pouco baixa também, se sentia meio tonto. Subiu até o corredor dos quartos feliz por estar na segunda porta, entrou e por um segundo o quarto girou a sua volta, se apoiou contra a porta.

- Uol.

Alguma coisa estava errada, não estava assim antes do jantar...andou até o banheiro e lavou o rosto, mas o mal estar continuou, tirou a jaqueta e se deitou de roupa mesmo na cama, tentou respirar fundo, tentando entender o que tinha acontecido para estar assim. Fechou os olhos. Antes do jantar estava bem. Depois do jantar estava se sentindo mal. Havia alguma coisa na comida que o fizera se sentir assim. Havia veneno na comida? Ridiculo...os outros pareciam bem...
Começou a se sentir muito sonolento e apagou antes de conseguir terminar o raciocínio.

- Ei garoto. Acorde.

César acordou meio zonzo, sentindo alguém lhe cutucar nas costas, mas quando tentou se virar sentiu algo prendendo seus braços nas costas, arregalou os olhos assustado.

- O que?

Disse tentando se soltar, olhou em volta, não estava em seu quarto. Onde estava? Parecia uma prisão, começou a entrar em pânico. O que tinha acontecido enquanto dormia? Onde tinha ido parar?

- Ei!

Gritou tentando tirar as amarras de seus pulsos.

- Socorro!

Mas ninguém apareceu para ajudá-lo. Sem saber o que fazer ficou deitado de barriga para baixo, respirando ofegante pelo esforço, sentindo o pânico tomar conta, foi então que sentiu a cutucada em suas costas outra vez e virou a cabeça para o outro lado, havia um homem ali, olhando pra ele com uma certa tranquilidade, também estava amarrado e parecia bem machucado.

- Não vai adiantar gritar garoto, sinto muito...

César ficou olhando para ele, tinha os cabelos completamente brancos, mas não parecia alguém velho.

- Quem é você?


Perguntou tentando se colocar numa posição melhor, seus pulsos começavam a ficar dormentes por causa do aperto das amarras, conseguiu se virar um pouco, conseguindo até respirar um pouco melhor. O chão era de um piso liso e gelado, completamente desconfortável.

- Quantos vocês são?

O homem perguntou ignorando a pergunta de César.

- O que?

César não entendeu, tentou olhar em volta mais uma vez.

- Que lugar é esse?

- Essa é a prisão de Lilith. Vocês são prisioneiros dela.

Ele respondeu, estava numa posição bem melhor que a de César, encostado a parede com os braços puxados para trás.

- Lilith? E quem é você?

O homem olhou para ele e respondeu.

- Sou Gabriel. Lilith é um dos demônios que está atacando sua preciosa terra. É a favorita de Lúcifer e responsável por esse lugar.

César lembrou da moça bonita no jantar, seria ela? Conseguiu rolar até a parede e com muito esforço se sentou, encostado a parede, ofegante virou a cabeça para Gabriel.

- E o que eu estou fazendo aqui? Por que me prenderam?

Gabriel suspirou.

- Querem você para fazer as experiências.

Aquilo assustou César.

- O que? Que experiências?

Gabriel olhou para ele com uma expressão cansada, vendo ele mais de perto conseguia avaliar o quanto estava machucado. Estavam torturando ele ali em baixo.

- Essa guerra começou muito antes do que vocês viram, tremores e feras atacando é só uma parte muito pequena do que está por trás de tudo isso. Vocês não fazem idéia das coisas que já aconteceram e das que estão por vir.

César estava confuso, já não conseguia sentir seus dedos e seus braços começavam a formigar.

- Como assim guerra? O que está acontecendo afinal?

Gabriel ficou sério.

- Preste muita atenção no que vou te contar garoto...mas me diga, quantos vieram com você?

- Somos em cinco.


Gabriel não pareceu gostar da resposta, se ajeitou melhor contra a parede e começou.

- A muito tempo que anjos e demônios travam uma batalha pelas almas das pessoas da terra. Sempre houve um equilíbrio nisso, havia um livre arbítrio dado por Deus para que as pessoas escolhessem entre a salvação e a degradação. No entanto Lúcifer começou a não ficar satisfeito com isso e travou seus próprios planos. Por séculos ele ficou apenas no aguardo, até que enviou Lilith a terra para que começasse a coloca-lo realmente em prática.

César prestava total atenção no que Gabriel lhe dizia.

- E foi ai que começaram os tremores? Ela é a culpada disso tudo?

Ele lembrou do homem com asas negras que vira em Lince. Aquilo devia ser um demônio também, cortando cabeças e falando com feras.

- Não. Ela veio para cá muito antes e com outra missão em mente. Lilith conseguiu controlar um homem do alto escalão do Vaticano. E através dele sugeriu a idéia de uma nova experiência, neutralizar um gene demoníaco.

- Gene demoníaco?

Gabriel balançou a cabeça confirmando.

- Eles acreditavam que uma pessoa quando controlada por um demônio carrega em seu gene parte dele, mas isso não é verdade, esse é um processo completamente mental e psicológico. Mas Lilith, através do homem, conseguiu convencer o conselho do Vaticano e o papa a financiar essa pesquisa, onde ela mesma deu parte do gene para eles.

César começava a entender a explicação.

- Então...se ela deu seu próprio gene, eles acreditaram estar certos...

- Correto. Quando eles neutralizaram o gene Lilith precisou apenas de uma noite para criar um soro através dele. E dar inicio ao caos.

César ficou surpreso.

- Soro? Mas pra que?

Gabriel olhou para a porta da cela.

- O que dizem a vocês se uma pessoa é ferida por uma das feras?

César se lembrou do anjo em Lince dizendo que os feridos deveriam ser mortos.

- Nos foi dito que eles deveriam ser mortos, mas nunca nos contaram o por quê.

Gabriel ficou um instante em silêncio, pensando em como explicaria aquilo para ele, então continuou.

- Uma pessoa, quando ferida por contato direto fica infectada, essas feras vem direto do inferno, não são tecnicamente demônios, mas carregam os males com eles. Quando um anjo é ferido por um deles, apenas sente queimar, fica ferido mas em alguns dias com o tratamento correto fica bom. No entanto quando um humano é ferido...

César pensou na ferida de Larih, aquilo eram marcas de garras com toda certeza.

- O que acontece com o humano?

Gabriel ficou sério.

- Um humano não tem a mesma capacidade celestial de cura de um anjo, a ferida não sara, pelo contrário, ela vai piorando cada vez mais, enquanto a infecção entra em sua corrente sanguínea e começa a se espalhar pelo corpo. A pessoa fica mais suscitava as áureas malignas, começa a ficar agressiva, perde a noção do que se passa ao redor, começa a ter alucinações, febre devido a infecção, nos piores estágios já começa a não reconhecer mais ninguém, fica extremamente agressiva, ataca a qualquer um que se aproxime, começa a ter uma força sobre-humana e tem um simples desejo de matar. Para qualquer um essa pessoa seria julgada como louca e seria internada. Agora imagine se houvesse algo parecido com uma epidemia de pessoas com esses sintomas?

César ficou assustado com a explicação de Gabriel e lembrou de Larih na noite anterior. Ela o havia atacado de certa forma, seria possível que ela estivesse infectada. Havia trabalhado muito tempo em hospital para entender o que aconteceria se houvesse uma epidemia de algo assim, seria um caos completo, pessoas desesperadas, pessoas se transformando em monstros, um banho de sangue perfeito.

- Eles usariam o soro...

Constatou chegando a uma conclusão obvia.

- Eles apresentariam isso como uma solução anti-contaminação, haveriam filas e mais filas de pessoas tentando se imunizar contra a nova doença, os doentes também receberiam o soro, mas seria tudo em vão...

- Porque o soro na verdade é um gene isolado de um demônio...

Gabriel confirmou outra vez com a cabeça.

- O gene de um demônio original...as pessoas saudáveis ficariam sem a proteção celestial, seria como se tivessem perdido sua alma, ficariam suscetíveis aos ataques demoníacos, já as pessoas doentes, seria apenas o ponto final, Lilith e Lúcifer teriam completo controle sobre elas, poucos conseguiriam resistir a isso.

César ficou parado prestando atenção, conseguia imaginar a cena em sua cabeça, ficou desesperado ao pensar no que aconteceria com Larih, no que fariam com ela, precisava sair dali, alertar aos outros, tinham que fugir de alguma forma.

- E por que me trouxeram pra cá?

Perguntou se lembrando. Gabriel olhou para ele com um pouco de pena.

- Você é o primeiro humano saudável em que eles vão aplicar a vacina.

César arregalou os olhos em pânico, estava completamente ferrado. E como se estivessem apenas esperando Gabriel terminar a explicação, a porta da cela se abriu e dois homens apareceram, Cesar se encolheu contra a parede com medo, Gabriel olhou para eles com raiva e pela primeira vez tentou soltar os braços, mas foi tudo em vão. Eles seguraram César e começaram a arrasta-lo para fora.

- Não!

Começou a gritar desesperado, se debatendo, dificultando os homens de leva-lo pra fora.

- Me larguem! Socorro!

Tinha se arrependido completamente de ter seguido Leslyn até a fortaleza.

Larih Spencer

Larih viu Rayden se aproximando depois que soltou o braço de César, assustada com o que tinha feito desceu apressada para a sala de jantar e acabou sendo a primeiro do grupo a chegar, haviam apenas os empregados, Avayra e uma outra mulher loira que ainda não tinha visto por ali. Cumprimentou-as e sentou-se numa das cadeiras esperando pelos outros. Aceitou um copo de água que lhe foi oferecido.
Viu quando César apareceu. Envergonhada pelo que tinha feito a ele ficou de cabeça baixa, bebeu outro gole de água, seu ombro doía muito, queimava cada vez que mexia o braço. César e Rayden sentaram um de cada lado, ela encolheu um pouco os ombros, com medo do que eles iam falar. Mas então César lhe deu um sorriso tranquilo e ela não soube como reagir.
O jantar começou a ser servido, Avayra falava sobre a fortaleza, Larih olhou para a comida e se sentiu enjoada, precisava comer, mas não tinha muita disposição. Beliscou a comida para disfarçar e ficou ouvindo as conversas em volta, reparou que a mulher loira também não falava nada, apenas observava as pessoas ao redor da mesa. César não parava de fazer perguntas a Avayra. Seu braço queimava. Cada garfada de comida que dava seu estomago ficava mais inquieto, suspirou cansada.
Quando ergueu o olhar para a mesa outra vez, percebeu que a mulher loira a olhava, sentiu um desconforto terrível com o olhar dela, era frio, desviou apressada o olhar e bebeu outro gole de água. A mulher se levantou e disse que precisava se retirar, quando ela saiu da sala Larih ficou inquieta, tinha algo errado em tudo aquilo, nesse lugar, nas pessoas que viviam ali. Queria ir embora, olhou em volta, sentia-se um pouco em pânico, respirou fundo tentando se acalmar. Isso era ridículo.

- Você devia descansar Larih. Não parece muito bem...

César falou baixo em seu ouvido e Larih quase pulou da cadeira assustada, olhou para ele tentando disfarçar o susto.

- Tem razão...

Então se levantou olhando pros outros, pedindo licença se retirou também, subiu para o quarto, a ferida queimava como se tivesse pegando fogo, entrou no quarto e tirou a camiseta e o curativo, aquilo estava insuportável, não havia adiantado em nada passar os remédios, o machucado só parecia pior.

- O que é que eu vou fazer com isso?

Murmurou baixo, em pânico, sentou-se no chão do banheiro sentindo-se sufocada, não queria nem imaginar o que ia acontecer, a dor já começava a se espalhar pelo braço e tinha certeza de que logo iria para as costelas, como se a infecção estivesse se espalhando por dentro. Colocou um novo curativo, um pouco úmido com água gelada para aliviar um pouco a queimação que sentia e deitou no piso gelado, aquilo era um alívio. Ficou olhando pro teto, tentando não pensar de mais no que a aguardava mais pra frente, ficou lembrando da época em que seus pais estavam vivos e das coisas que faziam juntos, lembrou de quando conseguiu o emprego e de como ajudou Luca a criar a produtora. Acabou dormindo no piso do banheiro.

Quando acordou já estava claro, sentou sentindo-se um pouco dolorida por ter dormido num lugar tão duro, quando ficou de pé percebeu as marcas de sangue no chão e olhou assustada, seus dedos estavam sujos, viu o curativo do machucado num canto e não entendeu nada, foi quando reparou a ferida no reflexo do espelho, estava mais funda que antes, completamente em carne viva, haviam arranhões profundos por todo seu ombro, como se tivesse se coçado. Olhou novamente para as mãos. O que tinha feito?
Tratou de limpar o sangue do chão, tomou um banho para se livrar daquilo também e quase gritou quando a água quente acertou a ferida, fez um novo curativo e trocou de roupa. Sabia o que tinha que fazer, precisava falar com César e contar tudo a ele, talvez pudesse ajudar, se implorasse a ele talvez nem contasse a ninguém, iria prometer que depois de encontrar Luca se mataria para acabar com aquilo.
Saiu de seu quarto tentando não fazer muito barulho, não queria acordar ninguém que ainda estivesse dormindo. Parou na porta do quarto de César e bateu.

- César, é a Larih. Podemos conversar?

Esperou alguns instantes e não teve resposta, ficou atenta para ver se ouvia algum barulho dentro do quarto, não ouviu nada. Bateu outra vez, um pouco mais forte.

- César?

Abriu a porta um pouco, o quarto estava claro.

- Estou entrando.

Disse abrindo a porta, mas reparou que ele não estava dormindo, nem deitado, a porta do banheiro estava aberta, também não estava lá. Talvez tivesse descido para tomar café, mas quando saiu do seu quarto reparou que havia uma mulher com um carrinho e bandejas.

- Café senhora?

Perguntou a ela. Se o café estava sendo servido nos quartos. Por que César tinha saído? Disse a mulher que não queria café e se afastou enquanto ela batia na porta de Murillo. Sem saber onde procurar por César, sentiu que havia alguma coisa errada nisso. Parou na frente do quarto de Rayden e bateu na porta distraída, talvez ele soubesse do garoto. Esperou que ele abrisse a porta.

- Oi...você viu o César? Ele não está no quarto dele e...

Nessa hora a mulher das bandejas começou a gritar desesperada no quarto de Natasha. Larih olhou para o corredor e depois para Rayden e então correu para ver o que tinha acontecido, quando chegou ao quarto parou bruscamente na porta vendo a cena, o corpo de Natasha estava ensanguentado na cama com a garganta degolada.

- Meu Deus!

Larih olhava para o corpo assustada.

- Mas quem faria isso...

Sentiu uma urgência em ir embora daquele lugar imediatamente, olhou Rayden no corredor e o puxou pelo braço até seu quarto, antes que mais alguém aparecesse, o empurrou pra dentro e trancou a porta.

- Precisamos dar o fora daqui. Agora.

Disse já pegando sua mochila.

Rayden Donovan

-Você viu isso?

Ouviu a voz de Cesar, ele nao parecia ter torcido o pulso com força, Larih já havia descido as escadas correndo e os outros chegaram logo após. Rayden não sabia o que eles tinham visto ou pensado, mas sabia que não devia comentar nada ali, estava claro que algo de ruim estava acontecendo com ela, e como Cesar e ele tinham cuidado do ferimento dela, eles tinham uma noçao melhor do que poderia ser aquilo. Nesse momento Cesar deu uma desculpa para os outros e começou a descer as escadas, Rayden foi logo ao lado dele, eles tinham de fazer algo.

- Olha...estou preocupado com a Larih, preciso dar mais uma olhada no ferimento dela. Aquilo parecia feio e tenho medo de não ter cuidado direito.

-Acho que aquilo é mais que um simples ferimento...

Respondeu de imediato na mesma altura que Cesar tinha conversado com ele. Logo chegaram ao local do jantar, Larih ja estava sentada, e Cesar fez um sinal para ele que logo entendeu o que seria. Cesar se sentou de um lado da garota enquanto Rayden se sentou do outro. Nao conseguia se concentrar, estava preocupado demais, e tinha uma desconfiança terrivel daquele lugar. Olhou a que seria a governadora, e uma mulher ao lado dela, nem chegou a reparar muito.
Foi de fato um dos jantares mais tensos, muitos estavam calados, Cesar era um dos que mais fazia perguntas. Rayden olhou de lado e viu que Larih nao estava comendo, ele suspirou, ficava incomodado com o estado dela, parecia palida e muito cansada. Ouviu a mulher dizer que eles nao ofereceriam ajuda se eles saíssem dali, mas querendo ou nao, era o que eles tinham de fazer, tinham de chegar à Jericoh, e aquilo nao podia demorar.

- Você devia descansar Larih. Não parece muito bem...

Neste instante a viu levantar meio assustada, a mulher que estava com Avayra se retirou e Larih decidiu subir tambem, os outros ficaram ali por mais algum tempo; por vezes olhava para Murillo, ele parecia desconfiado mas Rayden nao tinha nenhum contato com ele para tentar convence-lo de algo. Avayra se despediu e se retirou e nesse instante Cesar tambem se levantou bocejando. Rayden riu de leve se levantando em seguida.

-Quando isso tudo acabar, você vai malhar viu... está aguentando pouco...

- Meu Deus, nem consigo manter os olhos abertos direito.

Eles foram para os quartos, Cesar segurava no corrimao e Rayden ia logo atras dele, estranhou um pouco, ele nao parecia tao cansado antes do jantar. Logo o mais novo entrou sem pestanejar fechando a porta e Rayden foi para o quarto logo ao lado dele, o terceiro. Entrou e fechou a porta, suspirou mechendo os ombros, olhou em volta as paredes, estava muito desconfiado daquele lugar, afinal, ele era um aventureiro, fizera trilhas muitas vezes por aquela regiao e nunca tinha visto aquela fortaleza, e ela seria facilmente notada se estivesse ali antes. Sera que estariam sendo filmados?, se estivessem, ele nao podia demonstrar que estava desconfiado, entao se dirigiu ate a cama e pegou sua mochila, mecheu um pouco nela e a colocou ao lado da cama, apagou as luzes e se deitou se cobrindo ate quase o pescoço, sua destra segurava a Vipertek, a arma de choque. "Se tiver uma camera aqui, vou saber agora..., pensou consigo enquanto moveu a mao mirando a arma pros cantos do quarto, apertou o botao de choque e moveu a arma por todos os lados ligeiramente, entao escutou um barulho, como de uma leve carga eletrica vindo do canto diagonal do quarto. Pôde ver a camera estalar um pouco e parar de funcionar devido à descarga eletrica recebida, Rayden logo se levantou e tratou de ligar a luz.

-Eu sabia...

Agora que a camera estava desativada, ele tinha algum tempo para procurar algo antes que fossem ver o que aconteceu, logo ele foi no guarda roupas no canto do quarto, queria ver o que tinha lá. Ao abrir viu algumas fardas, como as dos soldados do local, algumas roupas de cama e de banho. Parece que aqueles quartos eram usados algumas vezes por soldados, visto que tinha ate mesmo pares de calçados que eles usavam. Rayden fechou as portas do guarda roupas e foi revirando o quarto, analisava tudo batendo as maos nas paredes de leve para ver se tinha algo oco ou alguma possivel pista; procurou no banheiro tambem.
Passou cerca de 40 minutos procurando sem sucesso, nao tinha achado nada. Estava cansado, nao tinha dormido e se sentou sentado no canto diagonal aos fundos do quarto.

-Droga...

Deixou suas maos cairem ao chao e ouviu algo diferente, ele logo deu alguns leves socos no chao e percebeu que o barulho era diferente. Logo ele puxou o tapete que cobria o chao do quarto inteiro, puxou ate onde pudesse enchergar o que era e suspirou ao ver. Era um alçapão,Rayden o abriu de leve e viu que o mesmo dava à uma escada escura, nao parecia ser os comodos já vistos por eles. Ele logo fechou o alçapao e correu ate o guarda-roupas. Tinha de ver o que era aquilo. Pegou uma das fardas e tirou sua roupa vestindo ela, os calçados, o boné. Se olhou no espelho da porta do guarda-roupas e viu que estava exatamente como um dos soldados. Logo ele foi ate o alçapao e o abriu passando por ele e o fechando; desceu as escadas muito devagar, a vipertek estava em seu bolso. Logo que terminou a escada, olhou de leve, era um corredor, alguns soldados passaram por ali.

-Hey você... a camera do quarto 3 parou de funcionar, vá até lá e veja se o hospede dorme ou apresenta algum comportamento suspeito.

Rayden olhou o soldado que de repente deu a ordem a ele, ele logo acenou positivamente com a cabeça e esperou o soldado se afastar, suspirou, parecia que eles nao conheciam as feiçoes dele. Logo mais soldados vieram e o rapaz se juntou a eles.

-Estamos sendo chamados na sala de comando.

Rayden ouviu e seguiu, parecia que era uma reuniao com os soldados. Caminhou pelo corredor ate chegar numa sala, nao muito grande, um homem que parecia ser de uma patente maior que os demais começou a lhe dar algumas ordens, no canto várias telas com muitas cameras estavam sendo exibidas, inclusive a dos quartos, em que a do quarto que Rayden estava, nao funcionava.

-Algum dos soldados checou o quarto 3?

-Sim senhor, o ocupante dorme, parece ter sido alguma falha na camera.

Rayden respondeu sério, no fundo estava apavorado com tudo aquilo.

-Ao amanhecer, conduzam o ocupante para outro quarto, Lilith precisa ficar de olho em todos eles.

Disse o homem e Rayden olhou novamente para as telas, viu algumas celas e se espantou quando viu Cesar em uma delas, estava amarrado e parecia conversar com outro homem algemado. "Meu Deus... o que e isso?? e o que o César esta fazendo lá?

Mal tinha acabado de pensar e o comandante ordenou.

-Você e você... busquem o garoto na sela com o Gabriel, ele será usado.. O comandante disse apontando para Rayden e mais um homem ao seu lado. O homem fez positivo com a cabeça e Rayden fez o mesmo o seguindo em silencio, eles passaram pelos corredores, o rapaz olhava e reconhecia os corredores pelas telas, sabia os locais que nao tinham cameras e pode os identificar ao longo do trajeto. Eles entraram na cela e Rayden abaixou a cabeça, Cesar nao podia o ver, se visse e reagisse de modo estranho, eles podiam se dar mal. Ambos agarraram os braços deles e começaram a o arrastar pelos corredores.

- Não!

Cesar se debatia e Rayden o segurava com força o arrastando junto ao outro homem, chegaram à uma parte do corredor em que havia um cruzamento com outro corredor, se lembrou novamente das telas e sabia que ali nao tinha cameras, ao lado direito o corredor se estendia só um pouco dando à uma parede com uma porta um tanto estreita. Rayden soltou o braço de Cesar e deu uma cotovelada no nariz do outro soldado, rapidamente agarrou a farda dele e bateu a cabeça dele contra a parede fazendo-o cair.

- Me larguem! Socorro!

Cesar parecia assustado, Rayden sem dizer uma palavra, e sem se identificar agarrou os braços de Cesar e o arrastou para a porta, entrou com o mesmo e acendeu a luz, era uma sala pequena de armas, ali estavam várias delas e varias muniçoes, Rayden voltou depressa e arrastou o soldado caído e levou-o para a sala tambem fechando a porta, logo ele se abaixou na frente de Cesar e tirou o boné, deu um sorriso rápido.

-Primeiro apanha da Larih agora isso... nao pode ficar sozinho garoto?

Deu a volta e desamarrou seus punhos.

-Mas que diabos esta acontecendo...

Nao tinham tempo de questionar, por isso ele interrompeu a propria frase e apos soltar Cesar foi para a frente dele.

-Não sei o que está acontecendo mas temos de sair daqui... vista a farda dele... rápido

Rayden abriu de leve a porta, os soldados ainda estavam na reuniao e ainda nao haviam aparecido. Rayden fechou a porta novamenmte e pegou as amarras que estavam em Cesar e amarrou os punhos do soldado, pegou um retalho de pano jogado ao chao e amordaçou a boca dele, olhou para Cesar e viu que o mesmo havia se vestido.

-Pegue alguma arma, devemos precisar...

Disse pegando uma pistola e um silenciador colocando na mesma, colocou-a de canto na sua farda e abriu a porta colocando o bone novamente, andou depressa com Cesar, lembrava o corredor que dava acesso aos quartos e foi com ele para lá, o puxava pelo braço apressado e correu vendo as escadas, subiu a que correspondia à terceira escada e abriu o alçapao subindo e esperando Cesar entrar e fechou no alçapao em seguida girando o punhal deste trancando o mesmo.

-Você viu aquela frota de soldados lá embaixo?? eles iam te usar pra alguma coisa... nós temos de pegar os outros e dar o fora daqui...

O rapaz olhou a janela e pôde perceber que o dia tinha amanhecido, nao podia tirar Cesar do quarto, pois seria sua sentença, o que fariam??, ouviu sua porta bater e fez um sinal para Cesar ficar quieto, ele abriu de leve a porta mostrando só a cabeça.

- Oi...você viu o César? Ele não está no quarto dele e...

Nessa hora a mulher gritou no corredor e Larih correu para ver o que era, ela ficou nervosa, parecia ser o quarto em que Natasha havia ido. Ela voltou e agarrou o braço de Rayden para o puxar, nesse instante ele puxou-a antes que ela fosse pro proprio quarto e fechou a porta, ela poderia logo ver Cesar dentro do quarto.

-Eles não são quem dizer ser... estamos muito encrencados...

Os dois estavam fardados ainda.

Murillo Assassyh

Murillo desceu um pouco depois que Rayden e César tinham descido. Mais curioso com a reação de Larih de que com qualquer outra coisa. Sentou-se para jantar ao lado de Sunny, reparou em Avayra e em uma mulher que estava sentada ao seu lado. O ar da sala de jantar parecia muito tenso, César era o único que se ocupava em conversar com Avayra, os outros pareciam muito mais distraídos. Larih mal havia tocado na comida quando pediu licença e se retirou. Sunny olhou para ele sugestivamente, ele apenas ergueu levemente os ombros e sorriu.
Um pouco depois César também disse que subiria, assim como Sunny e os outros, decidiu que iria também.

- Tomem cuidado. Bom, agora vou retirar-me, licença.

Murillo sorriu para ela e subiu ao seu lado.

- Lhe digo mesmo, uma adaga ou uma espada não serão uma defesa contra esses soldados.

Disse quando chegou a porta de seu quarto, olhou para Natasha e Sunny.

- Durmam bem senhoritas. Não esqueçam de trancar as portas e torçam pra que isso seja o suficiente.

Entrou em seu quarto e fechou a porta, olhou em volta e sentou-se na cama, percebeu o pequeno lustre de parede em cima da porta, ele lhe chamou a atenção, Murillo sorriu.

- Hora hora...reconheço uma câmera quando vejo uma...

Levantou e puxou uma cadeira em frente a porta subiu analisando mais de perto do pequeno lustre, com cuidado puxou a tampa de cima desencaixando ela, havia um emaranhado de fios, acostumando com instalações de segurança de sua empresa, sabia exatamente o que fazer. Segurou com delicadeza um fino fio azul.

- Se eu soltar você...

Murmurou puxando de uma vez e o fio se soltou.

- A imagem se congela.

Desceu da cadeira e a colocou no lugar, pensando no que faria em seguida, resolveu explorar o quarto, haviam roupas de militar no armário, decidiu trocar de roupa, ficar mais parecido com o ambiente. Quando terminou estava parecido com os outros, achou engraçado.

- E eu passei a vida inteira fugindo do alistamento.

Pensou em sair pela porta e descer para descobrir o que havia nos corredores de baixo, mas percebeu passos do lado de fora e pensou que isso talvez fosse uma péssima idéia, foi até a janela e viu que em seu quarto havia uma sacada. Ela seria bem útil. Empurrou o vidro e saiu, o quarto do lado devia ser o do tal Rayden, não estava muito longe, se fosse rente a parede conseguiria chegar lá, subiu na mureta e com cuidado foi passando até o outro quarto, abriu a janela sem fazer barulho e entrou.

- Desculpa estar invadindo assim mas...

Viu que o quarto estava vazio, havia um alçapão aberto no chão.

- Garoto esperto esse...

Comentou com uma risada baixa e tratou de descer pelo alçapão, deu num corredor diferente, seguiu por ele imaginando onde iria dar, havia uma porta entreaberta podia ouvir um homem conversando, espiou, viu outros militares dentro da sala, um deles dava ordens. Decidiu se afastar antes que eles saíssem de lá, assim que abriram a porta ele entrou em outra sala e se fechou rapidamente, foi quando reparou onde estava.

- Mas que interessante...

A sala era pequena, uma das paredes estava cheia de monitores com imagens, havia um pequeno armário com gavetas e um computador portátil em cima de uma mesa. Depois de trancar a porta resolveu analisar os monitores. Larih estava deitada no chão de seu banheiro e parecia agitada. Viu Sunny meditando em seu quarto. Nem sinal de César. Mas quando viu o quarto de Natasha se assustou, ela estava deitada, havia sangue. Não havia nem como duvidar que estava morta.

- Mas que merda...

Murmurou olhando o monitor, ouviu passos no corredor, resolveu analisar o conteúdo das gavetas do armário. Abriu a primeira, havia vários cd's em caixinhas, escritos a caneta.

- Cidade de Lince.

Leu num dos cd's, pegou e colocou no computador portátil, era um vídeo, abriu o link e começou a assistir, mostrava a destruição da cidade, os ataques e a explosão. Tirou o cd.

- Ataque de demônios do caos.

Colocou outro cd, ficou surpreso, eram eles na floresta quando foram atacados pelas serpentes de metal. Tirou o cd. Então viu um que chamou sua atenção.

- Infectados.

Pegou o cd e o colocou. Era um video da fortaleza, parecia a praça que haviam passado no dia anterior, o tal Mika arrastava uma mulher para lá, ela se debatia e gritava, foi obrigada a se colocar de joelhos e levou um tiro na cabeça. Depois eles puxaram um homem, ele estava estranho, se debatia e parecia ter muito mais força, num descuido do soldado que o trazia, conseguiu se soltar e atacou o soldado, o homem o derrubou no chão, parecia fora de sí, conseguiu abrir um buraco na garganta do outro apenas com as mãos, ele parecia até estar rosnando.

- O que é essa coisa?

Então o homem levou um tiro e caiu, o vídeo mostrava a moça que estava com Avayra no jantar, ela quem dera o tiro, se aproximou do soldado que sangrava no chão e também atirou em sua cabeça. Então o filme mudava havia um garoto dentro de uma cela, ele se contorcia no chão como se estivesse com muita dor, parecia que algo o estava prendendo, mas não haviam cordas em volta dele. Ele gritava de dor, então de repente se levantava num salto e se atirava contra as grades da cela, com as mãos na direção da câmera, também parceia fora de sí, uma ferida parecia ter corroído todas as costelas do lado esquerdo. Tirou o cd. Não queria mais ver aquilo.

- Experimentos...

Colocou o cd, havia uma garota presa numa maca, a mulher loira estava lá outra vez, usava um jaleco branco, Elli a acompanhava, os dois usavam máscaras brancas cobrindo parte do rosto, a garota parecia estar chorando e olhava para os dois com medo, a mulher pegou uma seringa de uma bandeja que Elli segurava e aplicou no braço da garota, ela pareceu entrar em convulsão, amarrada a maca. A dupla a observava em silêncio. O ataque demorou uns três minutos, até que ela parou, com os olhos arregalados e a boca aberta, um fio de sangue escorrendo pelo canto. Tirou o cd antes que passasse para o próximo experimento.
Queria sair logo dali, olhou para os cd's. Os outros deviam ver aquelas coisas, pegou o cd de experimentos e de infectados, guardou o computador portátil numa pasta junto com os cd's e saiu da sala, não havia ninguém no corredor, se aproveitou disso e andou apressado, preocupado de que alguém o visse alí, chegou ao corredor de onde tinha vindo, o alçapão não estava mais aberto, ele daria no quarto de Rayden, calculando por isso subiu por outro alçapão que dava em seu quarto, assim que entrou e fechou sua entrada ouviu alguém bater na porta desesperado.

- Murillo! É a Sunny! Preciso te dizer algo!

Deixou o computador na cama e abriu a porta. Ela entrou apressada empurrando ele pra dentro, estava alterada.

- Precisamos sair desse lugar! Agora! Urgentemente, nós vamos acabar morrendo aqui. Fui ao quarto da Natasha, ela está morta! Está morta!

Ele tentou explicar que já sabia dessas coisas, mas ela continuou falando.

- Eles nós observam. Tenho certeza! Temos que falar com os outros. E...

Murillo abriu a boca pra falar, mas então ouviram um grito alto vindo do corredor.

- Estamos ferrados!

Ela parecia realmente desesperada, ouviu a voz de Larih do lado de fora, Sunny olhava para ele.

- Já viram! Logo os soldados devem de estar ai...Como vamos sair daqui?

Murillo a segurou pelos ombros.

- Primeiro, você precisa de acalmar.

Pegou a pasta na cama, colocou dentro de sua mochila, pegou Sunny pelo braço e abriu a porta.

- Segundo, nós vamos em silêncio até o outro quarto.

Saiu no corredor olhando para os lados, foi até o quarto de Rayden e abriu a porta sem cerimônia, empurrou Sunny pra dentro, entrando em seguida. Viu Rayden e César também vestidos de militares, Larih também estava alí.

- Legal da parte de vocês fazerem uma festinha do pijama.

Disse balançando sua mochila pela alça.

- Eu até trouxe um filme...

Ouviu passos apressados no corredor e vozes altas.

- Mas acho que isso vai ter que esperar.

Amber Ludovick

Amber terminou de servir o jantar e saiu da sala, não poderia ajudá-los naquele momento sem que o seu disfarce fosse tirado. Sua prioridade era resgatar Gabriel. Voltou para a cozinha e saiu discretamente pela porta dos fundos que dava para os corredores inferiores.
Enquanto descia passava por alguns militares que a cumprimentavam. Quando chegou ao andar de controles entrou na sala de segurança principal. Só havia um soldado ali, ele estava com os pés em cima da mesa, distraído, ouvindo musica nos fones de ouvido, lendo uma revista em vez de prestar atenção nos monitores. Amber ser aproximou sem fazer barulho e num movimento rápido passou os fones de ouvido pelo pescoço dele, puxando para trás com força.
O soldado se desequilibrou por um instante, assustado com o ataque repentino, ficou inclinado pra trás sem conseguir colocar os pés no chão, levou as mãos ao pescoço para tentar se soltar, mas só sentiu os fios apertando mais.

- Agora escute...

Ouviu Amber dizer.

- Se fizer alguma gracinha eu quebro o seu pescoço, pode acreditar, sou bem capaz disso. Agora, se responder minhas perguntas sem nenhuma gracinha te deixo em paz rapidinho. Entendido?

O soldado fez um gesto afirmativo com a cabeça e Amber afrouxou um pouco o aperto dos fios.

- Muito bem, o que vocês pretendem fazer com o grupo que foi trazido ontem?

- Eu não posso...

Amber voltou a apertar os fios.

- Achei que tinhamos nos entendido.

Ele fez um gesto desesperado para ela parar e disse quase sem ar nenhum que contaria. Os fios voltaram a afrouxar.

- Lilith os quer para a experiência da vacina.

Amber olhou para os monitores, viu Gabriel em sua sala, dois soldados arrastavam um garoto pra fora. Lilith nunca havia usado pessoas saudáveis nos experimentos.

- Mas ela só usa contaminados ou doentes.

- Ela resolveu começar a usar em humanos normais.

Amber não gostou de ouvir aquilo. Os demônios estavam cada vez mais rápidos. Isso era perigoso.

- Em quantos ela já usou?

- O garoto mais novo que veio ontem será o primeiro.

Ela olhou para os monitores outra vez, tentando encontrar o garoto, mas não conseguiu vê-lo em nenhuma das câmeras.

- E o que ela pretende fazer com Gabriel?

- Vai usar a vacina nele também. Ela disse que isso o tornaria mortal.

Amber olhou para Gabriel amarrado na cela, não podia deixar que aquilo acontecesse. Tinha que tirá-lo de lá antes. Acertou o punho fechado do lado esquerdo da cabeça do soldado e ele desmaiou, colocou-o deitado no chão, amarrou suas mãos atrás das costas com os fones e o arrastou até o fundo da sala.

- Obrigado pela ajuda.

Disse pegando as chaves que estavam presas no seu cinto, elas abriam qualquer cela e porta do casarão. Seriam mais que úteis. Saiu da sala de comando e trancou a porta, o corredor estava vazio, os soldados provavelmente estavam na reunião da ronda da noite, então teria alguns minutos para o que precisava fazer. Desceu o corredor correndo até chegar as escadas, pulou pelo corrimão para o andar de baixo e mal tocou os pés no chão já estava correndo outra vez, parou na frente de uma porta que chamou sua atenção.

- Sala de armas...isso pode me ser útil.

Destrancou a porta e entrou. Pegou uma das mochilas penduradas, havia todo o tipo de armas, pegou uma pistola carregada e a colocou na cintura, além de guardar mais duas na mochila junto com munição extra, mas quando viu as mini granadas no fundo da sala soube exatamente o que fazer. Virou uima caixa inteira dentro da bolsa, mais de duzentas granadas. Iria provocar um estrago.
Saiu da sala e seguiu pelo corredor, ele dava nas celas dos prisioneiros. Começou a procurar por Gabriel, foi encontrá-lo na última, amarrado no fundo da cela.

- Gabe!

Destrancou a porta e entrou, correndo até ele, se ajoelhou ao seu lado abrindo as correntes de imediato. Ele sorriu para ela.

- É bom vê-la Am.

- Precisamos sair daqui rápido, antes que a próxima ronda comece.

Amber o ajudou a se levantar, tirou um pequeno frasco do bolso interno de sua roupa, estava guardando aquele elixir a semanas, desde que conseguira entrar na fortaleza. Deu a Gabriel.

- Beba e vamos embora.

Ele bebeu o líquido de uma vez, enquanto Amber ia até a porta e olhava em volta, ouviu passos vindos do começo do corredor. Os guardas começavam sua ronda. Olhou para Gabriel, ele já parecia mais forte. Teve uma idéia.

- Chame a atenção dos guardas...

Disse fechando a porta e se encostando na parede, de forma a não ficar visivel para os guardas. Quando eles passaram Gabriel estava de pé no meio da sala.

- Boa noite senhores.

Disse acenando. Eles pararam um instante sem entender o que estava acontecendo, então apontaram as armas para ele e abriram a porta, assim que o primeiro entrou, Amber empurrou a porta com força, atingindo o segundo soldado que caiu pra trás desnorteado. O outro se virou apontando a arma para ela, mas a garota foi mais rápida, acertou um chute contra sua mão, deu para ouvir o barulho do pulso se quebrando. Gabriel acertou um chute em suas costas o jogando pra frente, Amber o agarraou pela jaqueta e acertou sua cabeça contra a parede, ele caiu inconciente.

- Agora vamos.

Ela disse abrindo a porta, o soldado caído do lado de fora tentava se levantar, Amber apenas acertou um chute certeiro em seu rosto e ele desabou. Os dois corriam pelo corredor.

- Precisamos subir até os quartos! Temos que tirar o grupo daqui!

Gabriel disse enquanto corriam.

- Tenho uma idéia.

Amber parou no final do corredor e abriu a mochila, pegou duas granas e tirou os pinos, jogou-as no corredor, elas rolaram até as celas. Gabriel riu.

- As vezes que acho que você não é um ser celestial.

Ela sorriu e entrou e mochila a ele.

- Espalhe essas coisas por ai, tem uma arma pra você na mochila. Eu vou buscar os humanos.

Eles voltaram a correr se separando, as granadas explodiram e fizeram o lugar todo balançar. Isso com toda certeza chamaria a atenção dos guardas, enquanto subia para os andares normais encontou um grupo de soldados, ficou parada entre eles e a escada, eram quatro contra um. Ela ficou parada, eles vieram pra cima dela, Amber saltou por cima deles, sacando sua arma, atirou, o soldado atingido rolou escada a baixo, os outros sacaram suas armas e começaram a atirar, ela se desviou de todas as balas numa velocidade impressionante, atacando os soldados, eles não conseguiam se defender dos golpes dela, Amber se movia como um fantasma, num instante os soldados estavam no chão e ela voltava a correr. Pode ouvir mais explosões. Gabriel fazia a parte dele direitinho.
Quando chegou ao andar principal, os empregados corriam de um lado pro outro assustados.

- Saiam daqui!

Amber gritou pra eles.

- Todos pra fora agora!

Eles obedeceram enquanto ela corra passando pela sala de jantar, subiu para o andar dos quartos, viu soldados subindo para lá também.

- Ei!

Chamou a atenção deles, eles se viraram pra trás, ela deixou por completo seu disfarce de humana abrindo suas asas negras, colocou as mãos na cintura.

- Por que não vem pegar alguém do seu tamanho?

Eles começaram a atirar quando ela subiu correndo na direção deles, num instante ela tinha uma espada negra nas mãos e estava no meio do grupo dos soldados, eles não conseguiram entender como ela tinha ido para ali, com golpes certeiros ela derrubou todos. Parou um instante recuperando o fôlego. Fazia muito tempo que não ficava na sua verdadeira forma. O lugar todo tremia de vez em quando por causa das explosões. teria poucos minutos antes que mais soldados viessem ou, talvez, a própria Lilith. Andou pelo corredor tentando encontrar o grupo, os quartos estavam vazios, encontrou um corpo em um deles, uma militar com a garganta cortada, então viu um quarto com a porta fechada, foi até silênciosamente, com os ouviso apurados. Podia ouvir vozes lá dentro. Outros soldados poderiam ter vindo antes daquele grupo e prendido os humanos.

- Dane-se o elemento surpresa.

Disse parada em frente a porta e com um chute a abriu, segurando sua espada em uma mão e a arma na outra.

- Ninguém se meche!

Gritou entrando no quarto, então reparou que apenas o grupo do jantar estava ali e baixou a arma. Eles não pareciam ter ficados quietos no lugar, o garoto da cela estava ali, tinham conseguido resgatá-lo e se vestiam com as roupas dos militares. Ficou na sua verdadeira forma, com as asas negras, não fazia sentido nenhum mentir pra eles pelo visto.

- Desculpe, eu não quis assustar ninguém. Vim tirar vocês daqui.

O lugar tremeu mais forte com uma explosão mais alta, Amber olhou para o corredor. Sua espada desapareceu de sua mão;

- Fiquem apostos e com suas armas. Não vai ser nada fácil fugir daqui.

Com sinal para que a companhassem saiu pro corredor, ia com a pistola erguida, os corpos dos soldados estavam espalhas pelo corredor e pela escada, passou por cima deles com cuidado, a toda hora haviam mais explosões. Desceu pela escada que dava para a entrada principal. Com um tiro certeiro na macaneta a porta se abriu, lá fora estava uma bagunça, viu Gabriel correndo em direção ao portão, pessoas e militares corriam pra todos os lados, uma gritaria e chamas. Amber se virou para o grupo.

- Corram até o portão e não parem por nada.

Ouviram uma explosão muito alta e soube que Gabriel havia arrombado o portão.

- Vocês vão encontrar um arcanjo de asas brancas lá, façam o que ele pedir e vão sair daqui.

- Amber!

Ouviu um grito de raiva vindo da escada e um tiro explodiu o vidro da porta. Viu Lilith descendo as escadas, atirando com uma pistola.

- Vão vão!

Amber empurrou o grupo pra fora, enquanto os tiros passavam por eles atingindo os vidros. Deu graças a Deus por demônios terem péssima pontaria. Amber e o grupo corriam pelo pátio, Lilith parou na porta e atirou outra vez, dessa vez acertando o garoto mais novo do grupo.

- Maldição!

Amber segurou o garoto e o ajudou a continuar a correr em direção ao portão.

Narrador

Lilith estava na sala na qual falara com Caim antes. Mais uma vez usava a bacia negra com sangue, mas dessa vez se comunicava com outra pessoa, sua imagem aparecia escura e seu rosto estava escondido por sombras. Lilith falava baixo e séria.

- Começaremos a injetar a vacina em humanos saudáveis.

A pessoa respondeu baixo e Lilith ficou um pouco tensa.

- Um deles está infectado. Estou pensando em usá-la também. Assim como Gabriel.

Lilith ficou em silêncio, inclinada para a bacia, escutando.

- Sim...farei isso...

A imagem na bacia desapareceu, alguém bateu na porta. Lilith abriu, havia um soldado parado no corredor, ele deu um passo para trás incomodado quando a viu, todos tinham medo dela.

- Sim?

Perguntou para ele.

- Ah..senhorita Lilith. Mika pediu para avisar que está com o garoto preso e que a mulher está morta.

Lilith sorriu e saiu andando pelo corredor, ele a seguiu um pouco atrás.

- Certo...avise aos outros para que fiquem aposto assim que os outros acordarem pela manhã. Farão perguntas...façam o que Elli disser a vocês.

Ela desceu até o andar dos militares, nenhum deles ousava olhar para ela. Tinham medo do que ela poderia fazer. Lilith entrou na sala em que Mika e Elli ficavam, eles estavam sentados nos sofás em volta de uma mesa de centro, bebiam conhaque, quando a viram se levantaram.

- A vontade senhores.

Ela sentou num sofá vago e eles voltaram a se sentar, estivou a mão e a garrafa deslisou pela mesa até ela.

- Então...o que temos?

Lilith perguntou virando a garrafa na mesa, mas antes que o líquido derrama-se sobre a madeira, um copo surgiu, Lilith colocou uma dose e bebeu um gole.

- Bem...

Elli começou.

- Quill está preparando a sala para levar o garoto. Fiz os ajustes e as modificações que deram errado no último espécime. Creio que teremos sucesso dessa vez.

Lilith sorriu satisfeita e bebeu outro gole.

- Creio que logo teremos nosso lugar no paraíso senhores. Peça aos soldados que levem o garoto para a sala, eu quero está lá para ver.

Elli se levantou e saiu da sala, ela olhou para Mika.

- Mikael, meu irmão Caim está vindo para cá. Parece que alguém daquele grupo está infectado, estou pensando em usar isso a nosso favor dessa vez.

- O que tem em mente?

Ele perguntou bebendo um gole. Lilith riu e se serviu de mais.

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Avayra e Leslyn faziam a vistoria externa da fortaleza, junto com os soldados colocavam as pessoas dentro das casas.

- O que acha que aqueles demônios estão planejando?

Leslyn perguntou enquanto andava ao lado de Avayra.

- Eu não faço idéia e não vou fuçar nisso. Quero apenas que acabe de uma vez.

As duas pararam na praça, os soldados empurravam as pessoas para dentro das casas e trancavam as portas.

- Ela pretende usar todos os que vieram ontem?

- Provavelmente sim.

Um soldado veio até elas.

- Senhora fizemos a contagem e falta uma pessoa.

- Como assim falta uma pessoa?

Leslyn perguntou, Avayra olhou para o casarão, havia uma mulher servindo o jantar que não lembrava de já ter visto.

- Fizemos a contagem três vezes, falta uma pessoa...

O soldado explicou.

- Me dê seu rádio.

Avayra estendeu a mão, ele lhe entregou o rádio, ela colocou na frequência que usava para se comunicar com Mika e Elli.

- Alguém na escuta?

Elli estava voltando da sala dos soldados, depois de passar as ordens de Lilith, vinha para avisar a ela que já poderiam descer para a sala de espécimes, quando seu rádio apitou com a voz de Avayra.

- Cambio.

Respondeu. Ouvi a voz da mulher através da estática.

- Elli temos um problema e provavelmente uma invasão no casarão. Falta uma pessoa na contagem do pátio, talvez tenhamos alguém a mais aí dentro.

Elli parou de andar imediatamente.

- O que?

Olhou pelo corredor, estava vazio.

- Tem alguém que não devia estar ai dentro.

Elli desceu o corredor outra vez, a troca de turno estava começando agora, entrou na sala dos soldados outra vez, apenas o capitão estava ali.

- Mande seus soldados olharem por todo o prédio, quero a ficha de cada um que trabalha aqui dentro.

O capitão passou o rádio, Elli saiu da sala e desceu em direção as celas, se alguém invadisse o lugar viria atrás de Gabriel provavelmente, passou por alguns soldados, pegou seu rádio e chamou por Mika.

- Mika temos uma invasão de perimetro. Preciso que avise a Lilith.

Havia acabado de descer uma das escadas quando ouviu um chiado de rádio vindo de uma sala, por curiosidade abriu a porta e viu um soldado amarrado e amordaçado no chão.

- Não acredito...

Lilith tinha descido até sua sala, entrou e quando olhou para os monitores percebeu que havia alguma coisa errada, a movimentação de soldados estava diferente, pegou o telefone que nunca usava e discou.

- O que está acontecendo aí?

Mal ouviu a resposta viu Gabriel e uma garota correndo no corredor das celas. Não acreditou no que estava vendo.

- Amber...

Murmurou desligando o telefone. Viu quando jogaram as granadas e ouviu o barulho da explosão. Não acreditou que aquela garota estava ali. Pegou sua arma e saiu. Ia parar aqueles dois.

Elli ouviu a explosão quando estava um andar a cima das celas, de repente Gabriel surgiu correndo, Elli atirou contra ele por reflexo, mas algo acertou seu peito e bateu no chão, quando olhou pra baixo não teve tempo de reagir, a granada sem pino explodiu, o impacto abriu um buraco e Elli despencou pro andar de baixo soterrado.
Gabriel subiu até os andareas superiores. Os soldados não sabia muito bem o que fazer quando ele aparecia, ele era muito rápido, era apenas vento quando passava e haviam as explosões para todo o lado. os soldados estavam perdidos. haviam gritos pelo rádio e ao que parece mais de um atacava dentro do casarão. Gabriel chegou ao andar principal e saiu para o pátio, leslyn foi a primeira a vê-lo e soou o alarme, ele abriu suas enormes asas brancas e alçoou voo, os soldados pararam um instante abismados.

- Atirem seus idiotas!

Veio a ordem de Avayra. Eles atiraram contra o céu, mas não conseguiam acertá-lo, ele jogou várias granadas contra as torres de comando nas muralhas, os soldados foram atirados lá de cima. Gabriel voltou ao chão e sua espada flamejante apareceu e ele atacou, primeiro Leslyn, assim que sua lâmina a acertou ela entrou em combustão e se desfez em pó, os soldados se afastaram um pouco quando viram isso. Gabriel apontava sua espada para eles.

- Muito bem, quem é o próximo?

E num único ataque fez varios deles sumirem.

Lilith subiu até o andar principal, estava uma confusão, as explosões haviam destruido várias alas importantes do casarão, subiu até o andar dos quartos e viu os corpos dos soldados, furiosa ouviu a voz de Amber na entrada principal, engatilhou a arma e foi para lá, a viu com o grupo na porta.

- Amber!

Gritou furiosa e começou a atirar, a garota de asas negras conseguiu abrir a porta e saiu com o grupo, Lilith parou na porta e atirou outra vez, acertando um deles, o garoto que ia usar no experimento, ele caiu e Amber o ajudou a se levantar. O portão explodiu. Não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
Gabriel viu Amber se aproximando com o grupo, viu que ela carregava alguém ferido, correu para ajudá-la, olhou para os outros.

- Corram até o córrego e não parem até chegar lá.

Gabriel tirou a mochila, virou seu conteúdo em volta dos portões, várias granadas sem pino. Ajudou Amber, segurando o garoto de um lado enquanto ela segurava do outro. O grupo corria na frente enquanto eles iam um pouco atrás ajudando César. Quando estavam entre as arvores ouviram o barulho de explosão. Quando chegaram ao córrego Gabriel parou e colocou o garoto sentado no chão, Amber olhou para ele.

- Temos que ir mais longe que isso.

- Eu sei.

Ele respondeu, olhou para o rio e depois para o grupo.

- Vocês provavelmente não confiam em nós, mas posso dizer que somos a maior chance de sobrevivência de vocês. Acreditem, não somos os inimigos.

Amber foi até a beira do corrego e quando tocou na água fez surgir dois barcos. Ela se virou para eles.

- A forma mais rápida de fugirem daqui é pelo rio. Os demônios não vão acompanhá-los por aqui.

Gabriel ajudou o César a entrar enquanto os outros de dividiam nos barcos. Amber foi em um enquanto ele se colocou no outro. Os barcos deslisaram rio a baixo rumo a sua nascente.

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Lilith olhava sua fortaleza, estava destruída, os soldados estavam reunidos no pátio, Mika estava com ela, junto com Avayra.

- Será que alguém consegue me explicar como foi que eles fugiram?

Ninguém teve coragem de responder. Lilith andava entre os soldados furiosa.

- Alguém consegue explicar como foi que conseguiram destruir uma fortaleza impenetrável?

Outra vez não houve resposta.

- Alguém?

Ela parou na frente do capitão, ele olhava para baixo. Lilith o ergueu do chão segurando em seu pescoço.

- Vocês humanos são ridículos!

Lilith o jogou longe. Ela subiu os degraus e se colocou ao lado de Mika e Avayra.

- Estou cansada de vocês.

Esticou sua mão e os soldados simplesmente viraram pó. As pessoas ainda estavam presas dentro de suas casas, na correria Gabriel não conseguira salvá-las, Lilith apenas olhou para as casas e elas pegaram fogo.

- Tire Elli dos escombros e dê um corpo novo pra ele.

Disse para Mika, ele apenas confirmou com a cabeça e sumiu para dentro da mansão. Avayra ficou parada, com medo, olhando para as casas em chamas, as pessoas gritavam desesperadas dentro delas, Leslyn havia morrido e Lilith matara todos os empregados da casa num ataque de furia.

- Você não vai morrer.

Lilith disse para ela, quando Avayra virou o rosto para ela, sentiu suas unhas acertarem seu pescoço de baixo pra cima, rasgando a pele até sua orelha. Avayra caiu sentindo o sangue, Lilith se ajoelhou ao lado dela, tinha uma seringa na mão.

- Vai ter um destino muito pior.

E aplicou a injeção em seu braço.

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Os barcos pararam assim que chegaram a nascente e eles não tinham mais pra onde ir, Amber desceu e os puxou até a margem.

- Daqui teremos que continuar a pé.

Disse para o grupo. Gabriel desceu e olhou para Rayden.

- Ajude o garoto por favor.

Amber olhou a floresta em volta e voltou para Gabriel.

- Estamos longe de qualquer lugar seguro Gabe. O que vamos fazer?

- Já estamos no fim da tarde, não conseguiremos avançar no escuro. Ficaremos aqui, vamos montar um perimetro seguro.

Respondeu a ela. Amber se virou pro grupo.

- Vamos ficar aqui, preciso da ajuda de vocês, quem não estiver muito machucado eu peço pra que procure madeira seca para uma fogueira, os outros preparem a margem do rio pra ficarmos aqui. Eu e Gabriel vamos vistoriar a floresta para ver até onde é seguro.

Gabriel abriu suas brancas e sumiu entre as copas das árvores, Amber desapareceu no meio da floresta numa velocidade impressionante.

César Nickols

César tentou se soltar enquanto era arrastado pelo corredor, em pânico. Gabriel havia dito a ele que iriam usá-lo em alguma experiência, de repente um dos soldados bateu no outro e o arrastou para dentro de uma sala pequena. Sentado no chão, ainda sem entender nada, achou que iria lhe acontecer algo pior do que só uma experiência.

- Pelo amor de Deus não me faça...

Foi interrompido pelo soldado que se ajoelhou na frente dele e tirou o boné, era Rayden.

-Primeiro apanha da Larih agora isso... nao pode ficar sozinho garoto?

César nunca se sentiu tão aliviado de ver uma pessoa, enquanto ele desamarrava seus pulsos olhou para o soldado apagado no chão, tentando entender como é que Rayden tinha ido para ali vestido daquela forma. Quando conseguiu sentir o sangue voltar a circular por seus braços tratou de tentar se levantar.

-Não sei o que está acontecendo mas temos de sair daqui... vista a farda dele... rápido.

Rayden foi até a porta e César tratou de obedecê-lo, com cuidado, sem acordar o soldado, trocou de roupa com ele, vestindo o uniforme completo. Deixou ele sentado, encostado a parede.

-Pegue alguma arma, devemos precisar...

Ouviu Rayden a porta.

- Eu nem vou perguntar como foi que você que conseguiu chegar aqui em baixo.

Disse tratando de pegar uma pistola automatica, colocou um cartucho de balas e pegou outro pente guardando no bolso. Mal teve tempo de guardar as armas, Rayden o puxou pelo braço para fora da sala, conseguiu fechá-la para chamar menos a atenção e seguiu o amigo pelo corredores, teve que correr atrás dele, segurando sua arma, esperava esbarrar num soldado a qualquer instante. Então chegaram a alçapão, Rayden o deixou subir primeiro e quando percebeu onde estava viu que era o quarto dele.

- Deve ter um desses em todos os quartos...

Disse enquanto Rayden também subia e trancava o alçapão.

-Você viu aquela frota de soldados lá embaixo?? eles iam te usar pra alguma coisa... nós temos de pegar os outros e dar o fora daqui...

César se sentou na cama, deixando a arma do seu lado, examinou os pulsos, estavam marcados.

- Você nem faz idéia do que eles estão fazendo aqui...

Lembrou de Gabriel preso lá em baixo.

- Droga...temos que voltar lá, tem um cara que estava preso comigo que pode nos....

Os dois ouviram alguém bater na porta e ficaram tensos, César pegou sua arma e se colocou de pé, Rayden fez um sinal para que ele ficasse em silêncio, ele se colocou atrás da porta para ficar escondido, enquanto o outro abria a mesma.

- Oi...você viu o César? Ele não está no quarto dele e...

Era Larih, ficou mais aliviado e já ia aparecer na porta para falar com ela quando ouviu um grito no corredor e uma correria.

- O que está acontecendo?

Perguntou a Rayden, mas de repente ele puxou Larih para dentro do quarto e fechou a porta. César olhou para ela e viu que estava assustada com algo.

- Larih o que aconteceu?

-Eles não são quem dizer ser... estamos muito encrencados...

Rayden disse e César teve que concordar. De repente a porta se abriu de uma vez e César sem pensar apontou a arma, era Sunny e Murillo, ele sorriu para eles.

- Legal da parte de vocês fazerem uma festinha do pijama.

Ele mostrou sua mochila e disse algo sobre ter um filme para mostrar a eles.

- Isso não é hora pra gracinhas.

Disse irritado.

- Esse lugar está infestado de demônios.

Ouviram passos e gritos no corredor, alguma coisa muito errada estava acontecendo lá fora. César se afastou da porta e puxou Larih para o fundo do quarto. Lembrando do que Gabriel havia dito, ficou com medo de que a pegassem também, de repente uma explosão sacudiu o lugar, olhou em volta sem entender.

- Aqui também?

Ouve outra explosão e de repente a porta foi aberta bruscamente, César apontou sua arma. Havia alguma coisa parada na entrada olhando pra eles, não era nenhum soldado, na verdade era uma mulher...uma mulher com asas negras. Teve a sensação de já ter visto algo assim.
Ela tinha uma espada e uma arma na mão e também apontava para eles, mas de repente baixo as armas e pareceu ficar mais tranquila. Pediu desculpas por ter assustado eles, houve outra explosão e a espada que trazia em sua mão sumiu num passe de mágica.

- Fiquem apostos e com suas armas. Não vai ser nada fácil fugir daqui.

Ela havia dito que viera tirá-los dali, mandou ficar com as armas apostas, não parecia em nada om os outros, sentiu que podia confiar nela.

- Não temos muita opção.

Disse para Rayden e pegando Larih pelo braço a puxou para fora.

- Quer você bem perto de mim.

Disse a ela sério, ao mesmo tempo queria cuidar dela e ficar de olho. Seguindo a mulher pelo corredor, viu os soldados no chão, vários caídos até pela escada da porta principal. Ficou curioso pra saber o que tinha passado por alí e feito aquele estrago todo. Com um tiro a mulher de asas conseguiu abrir a porta, lá fora as coisas pareciam bem piores.

- Corram até o portão e não parem por nada.

Ela mandou. O portão explodiu, havia alguém lá fazendo isso. Essa mulher não estava sozinha. Pensou em quantos estariam ali para ajudá-la. Ela disse sobre um anjo de asas brancas que iria encontrá-los lá, pensou no anjo que os ajudara na cidade, talvez fosse ela, tinha sobrevivido a explosão.

- Amber!

Alguém gritou da escada e um tiro estourou o vidro da porta, César se abaixou por reflexo e olhou pra trás. A mulher loira que estivera com eles no jantar, descia as escadas atirando, parecia com muita raiva, a mulher de asas gritou para que eles corressem e ele não esperou que ela mandasse outra vez, empurrou Larih para fora e foi atrás correndo, viu que todo o grupo corria, nem pensou em revidar os tiros, se a mulher de asas não tinha feito isso, ele é que não faria.
De repente sentiu algo queimar em suas costelas, uma dor muito forte, deu um grito, tropeçou e caiu no chão. Levou a mão as costelas e sentiu um líquido quente escorrer por entre os dedos.

- Ah...

Foi erguido do chão pela moça que os havia ajudado e tentou correr com ela, suas costelas pareciam estar em fogo.

- Ela atirou em mim!

Gritou com raiva.

- Aquela desgraçada atirou em mim!

Quando chegou ao portão com os outros viu Gabriel, ele também tinha conseguido fugir, então reparou que ele tinha um par de asas brancas e a ficha caiu. Ele era O Gabriel, aquele que sua mãe havia ensinado desde pequeno pra ele e pra quem tinha orado quando criança pedindo proteção.

- Corram até o córrego e não parem até chegar lá.

Ele começou a jogar o conteúdo de sua mochila fora e César viu que eram granadas, o suficiente pro lugar ir pelos ares. Ele veio ajudar a moça a carregá-lo, desceram correndo em direção ao córrego, logo escutaram a explosão atrás deles. Quando chegaram ao córrego César se sentia um pouco tonto, precisava parar para ver se a bala havia entrado e dar um jeito de parar o sangramento. Gabriel o colocou sentado no chão, respirar fazia suas costelas arderem, tirou a camiseta e examinou o ferimento, a bala pegara de raspão, mas fora por pouco, se estivesse alguns centímetros pro lado teria acertado em cheio suas costas, não tinha nada no momento pra limpar sua ferida, sua mochila tinha ficado na fortaleza, rasgou a manga da camiseta e apertou contra o machucado, fazendo uma tira fina amarrou por cima pra mantê-la no lugar, colocou a farda de volta.
Gabriel falava com o resto do grupo, percebeu dois barcos no lago que não estavam ali antes. Ele pediu para que fossem com eles e que isso seria o mais seguro.

- Ele tem razão.

Disse tentando se levantar, apoiado numa árvore.

- Ele é um arcanjo, o arcanjo Gabriel, não acho que vamos encontrar outra pessoa que seja tão segura quanto ele.

Gabriel o ajudou a entrar no barco, não estava tão mal assim, o tiro fora só de raspão, foi no mesmo barco que Larih e Rayden, ele estava preocupado com ela, precisava dar uma olhada no ferimento dela. Se fosse verdade o que estava pensando, ela estaria correndo perigo e eles também. Olhou para a mulher de asas negras, haviam chamado ela de Amber no casarão, analisou suas asas negras, de repente lembrou onde já tinha visto algo assim. O homem na cidade de Lince, que cortava cabeça e comandava feras, ele tinha asas negras. Eles se pareciam. Não disse nada sobre isso, não com ela por perto.
Enquanto o barco ia descendo o rio se colocou mais perto de Larih.

- Você está bem?

Perguntou a ela. Um pouco na defensiva, com medo de que ela pudesse atacá-lo que nem da última vez.

- Por favor não brigue comigo por isso. Só quero te ajudar. Me deixe dar uma olhada no seu ferimento outra vez quando sairmos do barco.

Olhou o rio, estava chegando perto de uma margem, logo haviam parado e Amber os puxava em direção a terra.

- Daqui teremos que continuar a pé.

Ela disse. Rayden o ajudou a descer do barco.

- Estou bem.

Disse andando até a margem.

- O tiro foi de raspão, não vou morrer por isso.

Gabriel e Amber conversavam um pouco afastados, César se sentou num tronco e olhou para Rayden.

- O cara que destruiu Lince...ele tinha asas negras...

Falou baixo pra ele.

- Não fale isso pra ninguém...mas fique esperto.

Ela pediu para que eles montassem um acampamento enquanto ela e Gabriel fariam uma ronda pela floresta, enquanto alguns tratavam de ir buscar madeira pra uma fogueira, César ajudou a montar o acampamento, fuçou nas mochilas que haviam trazido, tirou um computador de dentro de uma e olhou curioso. Sem entender como aquilo tinha ido para ali. Colocou com cuidado no chão e voltou a olhar dentro da mochila, achou o que estava precisando: remédios.

- Maravilha.

Disse tirando a farda e a camiseta outra vez, tratou de fazer um curativo melhor, limpou a ferida e suturou, passou uma pomada cicatrizante por cima e prendeu uma gaze com um esparadrapo. Isso devia ser o suficiente. Engoliu um comprimido anti-inflamatório e se levantou, separou um pequeno quit de curativos para Larih, tinha quase certeza de que ela não deixaria ele examinar o machucado, mas pelo menos poderia ajudar em alguma coisa.
Foi até ela e entregou o quit.

- Aqui...é pra você. Vai tratar melhor dessa ferida.

Estava se sentindo cansado e com fome. Resolveu andar pela margem para ver se encontrava algo pra comer, encontrou uma velha casa abandonada, era pequena, mais uma cabana, tirando sua arma da cintura, foi até lá, o lugar não tinha nem portas mais, parecia estar caindo aos pedaços. Entrou com cuidado, mesmo naquelas condições não parecia estar abandonada a muito tempo, as pessoas que moravam ali tinha saido as pressas, resolveu fuçar na cozinha, achou algumas comidas enlatadas, carne e feijão, improvisou um saco com uma fronha de travessei que achou num quarto e colocou as provisões da cozinha dentro dela. Latas de carne e feijão, achou uma cesta com maçãs, separou as que não estavam estragadas e também colocou dentro da fronha, pegou também algumas colheres e uma panela, isso seria bem útil.
Voltou para o acampamento carregando a fronha, viu parte do grupo por ali.

- Olha o que eu achei.

Disse colocando as coisas no chão. Já havia uma fogueira feita, tratou de cuidar do jantar do pessoa, pegou uma faca e abriu as latas, jogou o conteúdo do feijão e da carne na panela e misturou, colocando a panela na beira do fogo.

- Tem uma cabana bem perto daqui.

Disse limpando as latas para servirem como prato.

- Depois vocês podiam dar uma olhada por lá pra ver se acham mais coisas. Tenho certeza de que vi uma horta atrás da casa.

Dividiu a comida nas latas, colocando a mesma quantidade, fuçou dentro da fronha e achou as colheres, distribuiu elas também, já era noite feita, a floresta em volta estava bem escura já. Depois que todos comeram, César se encostou num canto e tomou outro anti-inflamatório pra não sentir mais dor. Estava cansado. Pensou na Natasha, eles tinham matado ela sem nenhuma piedade. Pensou nas experiências que a tal Lilith estava fazendo, quase havia se tornando parte dela. Pensou na Larih e nas feras. Queria muito perguntar a ela se tinha sido atacada por uma delas, lembrou de ter visto ela fugir de uma em Lince, até chegou a pensar que ela estava morta. Não podia ser uma coincidência.
Ficou escutando a conversa dos outros até pegar no sono.

Rayden Donovan

Após a chegada de Larih no quarto, Rayden pode pensar um pouco no que Cesar disse a respeito do outro homem lá embaixo, seria outro humano usado em experiencias?? por que estariam fazendo aquilo? Mas naquele momento tinha de tentar informar Larih de algumas coisas, pois ela estava totalmente confusa.

- Eu sabia que aquele sono que o Cesar sentiu ontem nao era comum, parece que eles o pegaram a noite e levaram la pra baixo, por sorte achei o alçapao ali no fundo e consegui voltar com ele pra cá... mas, se eles o pegaram... nao podem saber que estamos com ele...

Mal terminou de dizer e a porta se abriu rapidamente, Rayden se virou no susto olhando pra lá, era Murillo e Sunny que entravam, ele suspirou um pouco aliviado, aquilo era bom, precisava mesmo que eles estivessem juntos, poderia ser bom pra pensar em alguma coisa e num jeito de sair dali.

- Legal da parte de vocês fazerem uma festinha do pijama.

Pôde reparar que Murillo tambem estava fardado, o que ele teria feito durante a noite?? parecia que Rayden nao era o unico a nao ter dormido por ali.

- Eu até trouxe um filme...

Nesse momento Rayden sorriu, gostava de Murillo, ele parecia ser esperto, e parecia ter descoberto algo que iria os ajudar, mas logo ouviu-se passos lá fora e alguns barulhos, provavelmente pelo fato da morte de Natasha ter sido revelada. Rayden nao sabia quanto tempo eles conseguiriam ficar ali no quarto, tinham de sair dali depressa.

- Isso não é hora pra gracinhas.... Esse lugar está infestado de demônios!

Nesse momento as coisas começaram a fazer um pouco mais de sentido, eles eram alvos ali, se tinham pegado Cesar pra fazer experimentos, o resto do grupo com certeza tambem era alvo. Nao teve mais tempo de pensar, algumas explosoes foram ouvidas na parte de baixo do casarao, e elas iam se espalhando por todo o lugar. Sentiu tudo tremer um pouco e olhou pros lados do quarto olhando pro resto do grupo.

-O que será que está havendo?... fiquem espertos...

Mal terminou de falar e a porta se abriu novamente e Rayden apontou a pistola na direçao dela, estava pronto pra atirar mas se assustou com o que viu. Era outro anjo ou algo daquele tipo, tinha as asas negras, mas nao se parecia com ninguem que ele tinha visto.

- Desculpe, eu não quis assustar ninguém. Vim tirar vocês daqui.

Aquilo lhe dava um certo alivio, pensou que estavam sozinhos lá, mas era de todo modo estranho, devido as circunstancias, sabia que nao podiam confiar em ninguem mais. Ele correu até a cama e colocou a mochila nas costas, ainda com a pistola na mao à mando da mulher, saiu com os demais do quarto. A situaçao era totalmente diferente do que tinha imaginado, com os acontecimentos, o rapaz ensou que ao sairem todos os soldados estariam mirando pra eles, mas ao contrario disso, todos estavam caídos, uns mortos e outros inconscientes. Rayden correu se desviando dos corpos seguindo a mulher. Estavam chegando na entrada principal quando ouviu a mulher gritar ao fundo, nessa hora quase todos pararam pra olhar e a mulher deu um tiro quebrando os vidros, que adrenalina era aquela, parecia um filme de ação, eles começaram a correr e a mulher de asas negras vinha logo atras deles.

-Ah...

Ouviu, parecia ser a voz de Cesar, nesse instante sentiu um aperto no peito, olhou pra tras e viu ele caído no chao, sentiu como se tudo tivesse sendo em vão; se sentiu tao aliviado quando levou o garoto a salvo pro quarto, mas agora o via caído no chao baleado. Rayden parou de correr deslizando um pouco pelo chao, ia voltar pra ajuda-lo.

- Ela atirou em mim!... Aquela desgraçada atirou em mim!!

Nao teve tempo de se levantar pra voltar, a mulher o levantou e começou a correr com ele, nesse instante percebeu que tinha de dar cobertura para eles saírem dali. Levantou com um pouco de raiva e voltou a correr, atirou num soldado que apareceu entre as casas pelas laterais. Logo viu um homem com asas brancas aparecer e dar ordens pra eles irem ara o corrego, ele foi junto à mulher e ajudou Cesar, nao tinha como negar ajuda naquela hora. Estranhamente os diversos soldados que antes estavam cercando a fortaleza, nao davam sinal algum, era como se o Homem que apareceu tivesse feito todo o trabalho ali. Eles correram pra fora da fortaleza ate chegar proximo ao corrego. Cesar começou a fazer seu proprio curativo. Rayden estava suado e muito cansado, se abaixou ofegante perto dele o olhando, nao ia impedir que ele se avaliasse, afinal ele entendia mais disso do que Rayden.

- Mais que droga...

Viu que ele sangrava mas de certa forma ficou mais aliviado ao ver que nao tinha sido grave. Logo foram instruídos a subirem nos bracos, mas espera.. eles nao estavam ali antes... mas ia estranhar o que se eles estavam junto com gente com asas?. Rayden Larih e Cesar subiram no barco que Amber estava conduzindo enquanto Cesar e Sunny foram para o de Gabriel. Cesar falava com Larih e Rayden ficou calado nesse momento, olhava o outro barco proximo a eles, via Murillo, nao sabia porque mas ele lhe passava um pouco de confiança. Ao chegar na margem eles saíram dos barcos, Rayden ajudou Cesar a sair do mesmo. O homem de asas brancas olhou pra ele.

- Ajude o garoto por favor.

Rayden acenou positivamente com a cabeça.

- O tiro foi de raspão, não vou morrer por isso.

-Você nao é de ferro cara... pega leve...

Nesse momento se sentaram um pouco, todos de certa forma estavam cansados, a noite estava caindo.

- O cara que destruiu Lince...ele tinha asas negras... Não fale isso pra ninguém...mas fique esperto.

Ouviu Cesar falar baixo com ele e deu uma risada baixa.

- Nao confie em ninguem aqui... vai saber se eu nao quero ver você virando comida de shrek??

Se virou pros dois anjos que lhe deram instruçoes para se alojar por ali, nao iriam prosseguir pela noite, eles foram fazer uma ronda pela floresta e Rayden olhou pra Murillo e Sunny.

- Por favor, fiquem de olho no garotão aqui... Larih e eu vamos buscar lenha... vai esfriar por aqui...

Olhou rapidamente pra Murillo, um pouco mais sério.

-Depois... se der queria conversar com você

Acenou com a cabeça e tocou as costas de Larih conduzindo-a para dentro da floresta, mecheu na mochila em suas costas e pegou o visor noturno, sorriu ao saber que tinha acertado ao traze-lo, o colocou e começou a passar pelas trilhas conduzindo a garota.

- Nessa correria nem tive tempo de conversar com você... estou preocupado... aquele ferimento no seu ombro... foi uma das feras nao foi?

Parou proximo a algumas árvores e tirou o visor olhando pra ela.

- Nao se preocupe, eu nao vou contar isso pra ninguem, mas Cesar tambem esta muito preocupado com você... e eu sei que nao vai demorar ate os outros saberem, e de certa forma... você pode estar em perigo...

Suspirou, por ter sido a primeira do grupo que ele conheceu, Rayden tinha se apegado de forma especial à ela, se preocupava com a mesma, ele levou a destra ao rosto dela de leve e o tocou, mas ficava em alerta, sabia que se ela estivesse infectada, ela poderia agir de forma que nao quisesse.

-Nao se sinta pressionada com tudo isso... se precisar de qualquer coisa me avise..

A olhou um pouco e sorriu tirando a mao do rosto dela, pegou um pouco de lenha e fez um monte e colocou nos braços dela.

-Aqui... pegue a trilha de volta e leve isso ate lá, vou pegar mais um pouco por aqui

Suspirou vendo-a se afastar e colocou o visor novamente, entrou um pouco mais na floresta.. - Que beleza Rayden... no meio do mato vestido de soldado caçando lenha... voltei a ser escoteiro.... Disse baixo balançando a cabeça negativamente como forma de reprovaçao. Logo teve a sensaçao de estar sendo observado e olhou pros lados colocando a mao na cintura, na arma. Olhou um pouco indignado e pegou mais lenha, quanto cabia em seus braços, tomou logo a trilha e voltou pro acampamento. Ao chegar lá viu que já tinham feito uma fogueira com a lenha que Larih tinha levado e ja tinham preparado o que comer, estava faminto. Se sentou ao lado de Cesar e começou a comer.

- Tem uma cabana bem perto daqui...Depois vocês podiam dar uma olhada por lá pra ver se acham mais coisas. Tenho certeza de que vi uma horta atrás da casa.

Olhou para os demais, a fogueira os esquentava, tinha pegado bastante lenha e tinha deixado de reserva perto do proprio corpo, ficou com a mochila nas costas, nao queria se separar dela. Olhou pro lado e viu que Cesar dormia, em seguida olhou pra Murillo e para Sunny, ficou em silencio, sentia seus olhos pesados, estava muito cansado, acabou cochilando.

Larih Spencer

Rayden puxou Larih para dentro do seu quarto e fechou a porta. Viu César ali, estava transtornada com o que tinha visto. Os dois estavam vestidos com fardas, iguais aos do soldados da torre. César perguntou o que tinha acontecido.

- Eles...cortaram a garganta da Natasha...meu Deus...mataram ela.

Não conseguia tirar a imagem do corpo ensanguentado dela na cama, sentou numa cadeira, aquilo tudo era uma loucura, Rayden disse mais alguma coisa que ela não prestou atenção. A porta se abriu outra vez e os dois apontaram armas, mas era apenas Murillo e Sunny, Larih olhou para eles, Murillo sorriu e falou sobre ter algo para mostrar a eles, César retrucou algo, ela só queria ir embora daquele lugar.
O lugar todo tremeu junto com o barulho de uma explosão, Larih olhou para os lados, aquilo ela já conhecia. Será que aconteceria o mesmo que Lince? Se levantou apressada, com medo do que viria depois das explosões e tremores. Ouviu gritos no corredor e César a agarrou pelo braço e a puxou para o fundo do quarto, sentiu a dor no ombro se espalhar pelas costelas e teve que se segurar para não bater em César para que a soltasse. Já ia gritar com ele quando a porta foi aberta bruscamente e as armas foram apontadas outra vez, conseguiu se soltar de César respirando fundo pra dor passar. Havia uma mulher na porta e ela tinha asas negras, ficou parada, olhando pra ela, sem saber direito o que fazer, sem saber se ela era uma amiga ou se viera pra acabar com todos eles.

- Desculpe, eu não quis assustar ninguém. Vim tirar vocês daqui.

A mulher com asas disse, tinha uma espada e uma arma, lembrava o anjo que tinha visto em Lince, exceto pela cor das asas. E viera para buscá-los. Esperava para que fosse pra um lugar melhor. César concordou em seguí-la e puxou Larih pelo braço, dessa vez ela estava mais esperta e deu um jeito para que ele segura-se no outro.

- Quer você bem perto de mim.

Ele disse sério e ela não gostou do tom dele, mas não teve opção a não ser ir com ele, tinha quase certeza de que seria arrastada se fosse preciso. Seguiu pelo corredor e viu os corpos dos soldados pelo chão, alguma coisa tinha abatido eles, ficou surpresa de ver tantos, desceram as escadas e foram pra porta de entrada, a mulher de asas negras disse a eles para que corressem até o portão, Larih ainda era segurada por César, quando ia pedir a ele que a soltasse ouviu alguém gritar e o vidro da porta explodiu, César se abaixou e ela o imitou.
A mulher mandou que todos corressem, Larih se viu com o braço livre e começou a correr, ouvia o barulho de tiros atrás dela, mas nem olhou pra saber de onde vinham, viu que os outros também corriam e de repente César gritou, Rayden parou de correr, quando olhou pra trás, viu a mulher carregando ele, haviam atirado no garoto.

- Desgraçados...

Ficou furiosa e sacou a única arma que tinha, que estava em sua cintura, agora se arrependia de ter deixado sua mochila no quarto, não teve tempo de atirar em ninguém, um anjo apareceu e mandou que eles fossem pro córrego. Não queria voltar pra aquele lugar, eles tinham sido atacados por demônios lá! Mas como ninguém contextou, ela os seguiu correndo, mantendo sua arma em punho, ficou aliviada de ver que traziam o César.
Quando chegaram ao córrego, Larih já estava sem fôlego de tanto correr, parou cansada, não conseguia respirar direito, apoiou a mão nos joelhos tentando respirar devagar, colocou sua arma de volta na cintura, sentiu a camiseta molhada por de baixo da jaqueta e reparou que havia sangue até as costelas, seu machucado deveria ter voltado a sangrar. Não podia fazer nada agora. Pelo menos não doía, na verdade sentia todo o ombro dormente e parte do braço também, tentou ficar feliz por isso.
O anjo disse para que eles entrassem em barcos? Larih olhou para os barcos e teve certeza de que eles não estavam ali antes, ajudaram César a entrar num deles e foi com ele, sentou-se com cuidado, não era muito fã de barcos, ela e seu irmão tinha virado um quando crianças. O barco começou a descer o rio e Larih ficou olhando a água em silêncio.

- Você está bem?

A abordagem que César a assustou um instante, ela se virou para ele e suspirou.

- César, não faça mais isso, por favor...

Ele parecia na defensiva ao falar com ela, Larih se sentiu mal, lembrou de como o tinha tratado da última vez, ele tinha todos os motivos para ficar assim com ela.

- Por favor não brigue comigo por isso. Só quero te ajudar. Me deixe dar uma olhada no seu ferimento outra vez quando sairmos do barco.

Ele insistiria nisso quanto tempo mais? Balançou a cabeça desanimada e se virou para ver as águas outra vez.

- Cuide do seu ferimento que eu cuido do meu César...

O barco parou na margem e a mulher disse que eles teriam que continuar a pé, Larih estava cansada, não conseguiria andar por ai, precisava dar uma olhada em seu ferimento, se ele tinha sangrado daquele jeito precisava dar um jeito de trocar os curativos.
O anjo, que César disse ser Gabriel, conversava com a mulher de asas negras, viu Rayden e César conversando baixo, eles estavam sempre fazendo isso, o garoto fez um curativo direito no tiro que tinha levado, precisava dar um jeito que pegar aqueles curativos sem chamar a atenção de ninguém. A mulher de asas disse que eles passariam a noite ali e que deveriam preparar um acampamento. César veio até ela. Já estava cansada de ter que se esquivar dele, precisava dar um jeito de ele deixá-la em paz.

- Aqui...é pra você. Vai tratar melhor dessa ferida.

César lhe entregou alguns curativos, ela olhou surpresa e pegou os curativos.

- Obrigada...

Deu um pequeno sorriso para ele. Sentiu Rayden cutucá-la nas costas e se virou antes que ele fizesse isso outra vez, a dormência estava indo embora e a ferida começava a doer outra vez. Entendeu que ele queria que fossem procurar lenha, deixou o quit de curativos num canto e foi ajudá-lo. Os dois foram por uma trilha pela floresta, Rayden ia um pouco na frente mostrando o caminho, ela ia atrás em silêncio.

- Nessa correria nem tive tempo de conversar com você... estou preocupado... aquele ferimento no seu ombro... foi uma das feras nao foi?

Larih parou de andar na hora e ficou olhando pra ele, Rayden sabia. As palavras do anjo vieram a sua cabeça quando ela disse a Natasha que todos os feridos deviam ser mortos. Pensou que talvez Rayden a tivesse trazido ali sozinha com ele pra acabar com ela de uma vez. Sua arma estava na cintura, se ele tentasse fazer alguma coisa, iria se defender.

- Você não pode...

Tentou explicar, pensou em Luka, ele estava perdido sem ela.

- Nao se preocupe, eu nao vou contar isso pra ninguem, mas Cesar tambem esta muito preocupado com você... e eu sei que nao vai demorar ate os outros saberem, e de certa forma... você pode estar em perigo...

Larih ficou confusa com a reação dele, estava esperando qualquer coisa, menos isso, ele se aproximou e tocou seu rosto, num primeiro segundo achou que ele fosse tentar fazer algo, até chegou a dar um pequeno passo pra trás, mas ele apenas tocou seu rosto e ficou olhando para ela.

-Nao se sinta pressionada com tudo isso... se precisar de qualquer coisa me avise..

Ela tentou dizer alguma coisa, mas ainda estava surpresa com a reação dele, não ia contar aos outros e não ia fazer nada contra ela. Será que Rayden era maluco? Ela ia se tornar um monstro em breve, o mais obvio era que a matasse antes disso, mas ele não quis, pelo contrário, ele sorriu para ela.

- Eu prometo que darei um jeito nisso....logo...

Disse enquanto ele juntava madeira do chão, queria ter dito algo melhor, queria ter contado a ele o que tinha acontecido, mas logo Rayden colocou um monte de madeira em seus braços.

-Aqui... pegue a trilha de volta e leve isso ate lá, vou pegar mais um pouco por aqui.

Larih acabou dando um sorriso e voltou pro acampamento. Faria isso outra hora. Quando voltou pra perto do grupo colocou as madeiras no chão. César não estava por ali, então olhou para Murillo.

- Consegue acender isso?

Perguntou apontando para as madeiras.

- Eu vou ver se Rayden precisa de mais ajuda.

Ela se afastou dele, pegou o quit de curativos que César havia preparado e entrou de volta na floresta, mas em vez de se encontrar com Rayden outra vez, contornou as arvores e foi até uma margem do rio afastada do acampamento. Sentou-se na beirada, tirou a jaqueta grossa e a colocou de lado, então tirou a camiseta, o sangue tinha secado e o tecido grudou na ferida, fechou os olhos com força tentando pensar em outra coisa que não fosse a dor. Quando conseguiu tirar a camiseta a lavou no rio para tirar o sangue e a colocou em cima de uma pedra para secar, lavou o ombro e o resto das costas, seu ataque enquanto dormia havia lhe rendido belos e fundos arranhões, precisava cuidar deles para que não acabassem como a outra ferida. Passou os remedios evitando o machucado infeccionando, ele seria a pior parte.

- Espero não perder meu braço por isso.

Murmurou enquanto examinava a ferida, as veias estavam escurecidas e se espelhavam pelo ombro em direção ao braço, suspirou triste, tentando entender porque aquilo tinha acontecido justo com ela. Limpou o ferimento, se arrepiando de dor, e fez todo os curativos de sempre, vestiu a camiseta ainda úmida por cima e colocou a jaqueta. Quando se levantou percebeu que já estava ficando cada vez mais escuro, precisava voltar logo. Foi seguindo a margem do rio com um pouco de pressa, se sentindo incomodada de estar sozinha num lugar daqueles, chegou até onde o grupo estava, haviam conseguido acender a fogueira e César já distribuía uma latinha com comida, ela sentou perto da fogueira para que sua camiseta secasse melhor e pegou a comida, não tinha fome, mas se continuasse sem comer chamaria atenção de mais, com muito esforço foi colocando a comida para dentro, olhou os outros jantando, viu Rayden do lado de César, eles sabiam o que estava acontecendo com ela, o importante era o tal Gabriel não saber...ele provavelmente a mataria. Ou talvez a mulher de asas negras, ficou sentada perto da fogueira olhando o fogo, sem prestar atenção em nenhuma conversa, viu que os outros já começavam a cochilar, se levantou devagar e sentou ao lado de Rayden, olhou pra ele, parecia estar cochilando, talvez fosse mais seguro falar com ele assim.

- Em Lince...

Começou baixinho, para que só ele escutasse.

- Eu tinha um irmão, Luka, no dia do terremoto ele caiu num dos buracos, ele me empurrou pra que não fosse eu. Não tive tempo de ajudá-lo porque uma das criaturas veio atrás de mim...

Ela parou um instante olhando em volta, César estava dormindo e Sunny e Murillo estava do outro lado da fogueira e não conseguiam ouvir o que ela dizia.

- Eu corri e entrei numa loja, mas aquele monstro veio atrás de mim, achei que fosse morrer, mas no fim das contas acabei matando aquela coisa com um taco de beisebol.

Larih achou engraçado, tentou se imaginar fazendo aquilo, provavelmente ninguém nunca acreditaria que ela, daquele tamanho, tinha acabado com um monstro daqueles usando apenas um taco de beisebol.

- Mas antes que eu pudesse acabar com ele, recebi um belo ferimento no ombro e não importa o que eu faça, ele não se cura, todos os remédios que o César me deu até agora não fazem efeito. Isso está se espelhando e eu sei que não vou melhorar...

Ela parou de falar outra vez e olhou para Rayden, ele ainda parecia estar cochilando, suspirou cansada.

- Mas eu não posso morrer ainda...tenho que achar o meu irmão primeiro, não acredito que ele esteja morto. Acredito que os demônios estão com ele...não posso deixá-lo lá, eu sou a única pessoa que ele tem...

Larih achou que fosse começar a chorar, suspirou outra vez.

- Eu vou resistir a isso, seja lá o que for, até salvar meu irmão, depois disso...prometo que eu mesma me mato se for preciso...ninguém vai precisar sujar suas mãos...

Larih parou de falar e olhou para fogueira, viu que Sunny e Murillo também já tinham dormido, resolveu esticar as pernas e se encostou a uma arvore, próximo a Rayden, não queria dormir, tinha medo do que faria, que nem na noite anterior, ficou olhando as chamas da fogueira, sem perceber acabou pegando no sono.
Acordou assustada depois de um tempo, tinha dormido sem perceber, sentia-se mal, seu estomago revirava, não devia ter jantado, se levantou em silêncio, sentia-se inquieta, olhou em volta, todos dormiam, precisava dar uma volta, em silêncio para não acordar ninguém pegou a trilha que tinha ido com Rayden mais cedo e se afastou um pouco.
Seu ombro queimava e sentia falta de ar, tremia e sentia calafrios pelo corpo, devia estar com febre, parou de andar e apoiou a mão numa arvore.

- Onde vai?

Larih tomou um susto quando escutou aquilo. Olhou em volta.

- Olá?

Pegou a arma da cintura e segurou, deu alguns passos olhando em volta, tinha certeza que havia escutado alguém. De repente alguém estava rindo atrás dela, virou apontando a arma. Se assustou quando viu a pessoa que estava ali.

- Luka...?

Não conseguia acreditar que o seu irmão estava parado na sua frente, baixou a arma, ele estava rindo.

- Achei que ficaria feliz de me ver.

Ela continuou olhando pra ele.

- Mas você esta...

- Morto?

Luka completou rindo e olhou pra ela.

- O que faz você uma louca, já que está vendo a alma do seu irmãozinho morto.

Larih deu um passo pra trás apontando a arma para ele.

- Você não é real!

De repente Luka se transformou, seus olhos ficaram negros, ele se tornou algo mais ameaçador.

- Você me deixou lá! Me deixou cair e foi embora!

Larih deu um passo pra trás, tropeçou numa raiz de arvore e caiu sentada no chão, deixou a arma cair de sua mão.

- Eu não queria Luka...me perdoa...

Luka ficou olhando pra ela, fechou os olhos e respirou fundo, voltando ao normal.

- Eu não devia te ajudar...você não me ajudou...

Larih ficou sentada no chão, olhando para ele com medo, ele se aproximou e ajoelho na frente dela.

- Você quer essas dores passem não quer? Não quer terminar como eu certo?

Ele perguntou olhando nos olhos dela, Lari confirmou com a cabeça em silêncio, Luka sorriu, de uma forma meio fria.

- Mate um deles. Uma alma pela outra, você faz uma troca.

Larih ficou olhando para Luka.

- Uma troca?

- Isso...

Ele olhou para a arma caída e voltou a olhar pra ela, Larih também olhou pra arma. A voz de Luka ficou em sua cabeça...ela queria o alívio, não queria se transformar num monstro...mas matar...

- Larih, você já vai carregar a culpa de ter me deixado lá pra morrer mesmo, qual é o problema de guardar mais uma morte? Se em compensação você vai se livrar de todo o resto que te atormenta?

Ele olhou nos olhos dela sorrindo e ela ficou olhando pra ele.

- Só uma morte.

Disse sem deixar de olhar pra ele e Luka riu.

- Isso garota, só isso e você estará livre outra vez.

Larih pegou a arma e se levantou, quando olhou de volta, Luka havia sumido, mas as palavras dele ficaram em sua cabeça, ela voltou em silêncio até o acampamento, segurando a arma abaixada.

- Só uma morte.

Repetiu baixinho enquanto andava, quando chegou ao acampamento, todos estavam dormindo, Larih não fazia barulho nenhum, o primeiro que ela viu foi Murillo, deitado dormindo. Viu Luka encostado a uma arvore.

- Basta puxar o gatilho.

Escutou ele dizer, chegou mais perto de Murillo, destravou a arma e apontou para ele.

- Só um tiro...

Podia ouvir a voz de Luka repetindo no ouvido dela.